HORA DE OURO: PREVALÊNCIA E FATORES RELACIONADOS AO PRIMEIRO CONTATO DA MÃE COM O BEBÊ EM MULHERES USUÁRIAS DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

Autores

  • Isabel Benevides Frossard Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Lucas Silva Tedesco Guimarães Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Ketlin Angelin
  • Jackson Menezes de Araújo
  • Natasha Cecília Silva Vilela
  • Maria Eduarda da Costa Rodrigues
  • Daniela Teixeira Borges
  • Shana Ginar da Silva

Palavras-chave:

hora de ouro, contato pele a pele, saúde materno- infantil, sistema único de saúde, fatores demográficos e clínicos

Resumo

A "hora de ouro" refere-se aos primeiros 60 minutos após o parto, quando o contato imediato entre mãe e bebê é incentivado. Esse período é crucial para fortalecer o vínculo iniciado na gestação e facilitar a transição do recém-nascido para o mundo externo. Nesse contexto, o estudo tem como objetivo descrever a prevalência e analisar fatores sociodemográficos e clínicos relacionados a hora de ouro em usuárias do sistema único de saúde. Trata-se de um estudo transversal, realizado de dezembro de 2022 a agosto de 2023 com mulheres de idade igual ou superior a 12 anos, que possuíam filhos de até 2 anos de idade, assistidos em cinco unidades básicas de saúde pertencentes à rede de atenção primária de Passo Fundo, RS, sendo um recorte da pesquisa "Saúde da mulher e da criança no ciclo gravídico-puerperal em usuárias do Sistema Único de Saúde", aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal da Fronteira Sul, sob o número 5.761.013. As informações de interesse foram coletadas por meio de entrevista face a face, nas dependências das unidades por entrevistadoras previamente treinadas. O principal desfecho avaliado foi a prevalência da hora de ouro, definida como o primeiro contato da mãe com o bebê após o nascimento. Como variáveis independentes foram avaliadas idade materna, cor da pele, renda, tipo de parto, prematuridade e morbidades gestacionais. Realizou-se estatística descritiva (n%) e análise da distribuição do desfecho segundo variáveis independentes por meio do teste do qui-quadrado adotando-se um nível de significância p<0,05. A amostra foi composta por 256 mulheres, das quais 54,3% se autodeclararam brancas, 78,8% relataram renda familiar de até 2,5 salários-mínimos, e 69,9% tinham até 29 anos de idade. A prevalência de contato pele a pele entre mãe e bebê foi de 78,3% (IC95% 73-83). Observou-se uma maior ocorrência desse desfecho em partos vaginais em comparação às cesarianas (p=0,011). Além disso, a ausência de prematuridade foi associada a uma maior prevalência de contato pele a pele (p=0,008). Não foram encontrados valores estatisticamente significativos para as variáveis cor da pele, idade materna, comorbidades e complicações durante e após o parto em relação ao desfecho. Logo, os resultados deste estudo revelaram uma relação direta entre a prematuridade e o tipo de parto na ocorrência do desfecho, indicando que esses fatores desempenham um papel crucial na prática do contato pele a pele. Em contrapartida, as demais variáveis sociodemográficas — idade, cor e renda— bem como as clínicas— comorbidades — não demonstraram uma associação estatisticamente significativa com o desfecho. Esses achados destacam a necessidade de investigações adicionais para compreender melhor como esses fatores podem influenciar a “hora de ouro” e, consequentemente, o bem-estar materno e neonatal. Análises futuras devem explorar essas variáveis de maneira mais detalhada, a fim de oferecer uma visão mais abrangente e aprimorar a implementação e os benefícios dessa prática em diferentes contextos.

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Publicado

04-10-2024

Edição

Seção

Ciências da Saúde - Pesquisa - Campus Passo Fundo