ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DOS TRANSTORNOS MENTAIS RELACIONADOS AO TRABALHO NO BRASIL ENTRE 2015 E 2022
Palavras-chave:
Trabalho, Transtornos Mentais, Brasil, Doenças ProfissionaisResumo
Os transtornos mentais (TM) representam a segunda maior causa de doença ocupacional no Brasil e se configuram como a terceira principal motivação de afastamento do trabalho no país nos últimos anos. As consequências dos TM, no entanto, não se limitam ao trabalho, mas prejudicam também a vida social e familiar e comprometem o desempenho global destes indivíduos. Sob essa perspectiva, este estudo objetiva analisar os aspectos epidemiológicos dos transtornos mentais relacionados ao trabalho (TMRT) notificados no Brasil, entre 2015 e 2022, a fim de compreender o perfil sociodemográfico dos indivíduos acometidos e os principais diagnósticos. Para isso, realizou-se um estudo quantitativo, de natureza ecológica e caráter descritivo, utilizando dados secundários provenientes do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) acerca das notificações de TMRT no período de 2015 a 2022 no país. As variáveis observadas foram sexo, cor da pele, faixa etária, escolaridade e diagnóstico específico. No Brasil, entre 2015 e 2022, foram notificados 14.463 de transtornos mentais relacionados ao trabalho. Destes casos, 9.382 (64,9%) ocorreram no sexo feminino. Dos 11.588 indivíduos com as informações de cor da pele, observou-se uma prevalência de 43,3% de brancos, 28,8% de pardos e 6,85% de pretos. A faixa etária mais prevalente foi de 35-49 anos (49,2%), seguida de 20-34 anos (32,5%) e 50-64 anos (16,1%). Dos 11.790 trabalhadores com dados de escolaridade, constatou-se que a maioria, 30,7%, possuía ensino superior completo, seguido por aqueles com ensino médio completo, com 29,9%. Os diagnósticos mais observados, segundo grupo de CID-10, foi o de transtornos neuróticos, relacionados com o stress e somatoformes (49,1%). Em seguida, aparecem os transtornos do humor (22,2%). Este estudo demonstrou que o sexo feminino é o mais atingido pelos transtornos mentais relacionados ao trabalho, assim como as pessoas de cor branca, adultos entre 35-49 anos de idade e com ensino superior completo. Também constatou-se que os transtornos neuróticos, relacionados com o stress e somatoformes foram mais prevalentes. Dentro deste grupo, se enquadra a síndrome de Burnout, também chamada de síndrome do esgotamento profissional, doença diretamente relacionada com a exaustão extrema no trabalho e que tem incidência crescente nos últimos anos no Brasil. É evidente, portanto, a necessidade de alerta para o problema em questão, já que os TMRL acarretam prejuízos de forma integral ao indivíduo, assim como afetam o seu círculo social e o ambiente de trabalho do qual necessita se afastar.
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