PREVALÊNCIA E FATORES SOCIODEMOGRÁFICOS RELACIONADOS À PREMATURIDADE EM CRIANÇAS ASSISTIDAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA DE PASSO FUNDO
Palavras-chave:
Recém-Nascido Prematuro, Saúde Pública, Atenção Primária à SaúdeResumo
A prematuridade, caracterizada por nascimentos antes de 37 semanas de gestação, afeta aproximadamente 12% dos nascidos vivos no Brasil, país que atualmente ocupa a nona posição mundial em número de partos prematuros. Esse fenômeno representa um sério desafio para a saúde pública, uma vez que caracteriza uma das principais causas de mortalidade infantil nos primeiros cinco anos de vida, especialmente em regiões marginalizadas. Além disso, crianças que sobrevivem à prematuridade enfrentam um risco elevado de desenvolver condições crônicas, como atrasos no desenvolvimento neurocognitivo e motor, distúrbios de crescimento, problemas psicológicos e doenças crônicas, como diabetes tipo II. Diante dessa realidade, este estudo busca descrever a prevalência e analisar fatores sociodemográficos relacionados à prematuridade em crianças assistidas na atenção primária de Passo Fundo, RS. Trata-se de um estudo epidemiológico transversal, realizado de dezembro de 2022 a agosto de 2023, com mulheres de idade igual ou superior a 12 anos, e filhos de até 2 anos de idade, assistidos em cinco unidades básicas de saúde pertencentes à rede de atenção primária de Passo Fundo, RS. As informações de interesse foram coletadas por meio de entrevista face a face, nas dependências das unidades, por entrevistadoras previamente treinadas. O principal desfecho avaliado foi a prematuridade. Como variáveis independentes foram avaliadas idade materna, cor da pele, renda e escolaridade. Realizou-se estatística descritiva (n%) e análise da distribuição do desfecho segundo variáveis independentes por meio do teste do qui-quadrado adotando-se um nível de significância p<0,05. A amostra do estudo incluiu 256 mulheres, das quais 54,3% se autodeclararam brancas e 69,9% apresentavam idade inferior a 30 anos. Dentre as participantes, 42,4% relataram uma renda per capita mensal igual ou inferior a 1,5 salário-mínimo e 28,9% possuíam menos de 9 anos de escolaridade. Houve uma prevalência de partos prematuros na amostra de 12% (IC95% 8-16). Análises demonstraram uma associação estatisticamente significativa entre a escolaridade materna e a prematuridade (p=0,020), indicando que mulheres com escolaridade entre 0-8 anos apresentaram uma maior proporção de partos prematuros (20,3%). Não foram observadas associações estatisticamente significativas entre as variáveis 'renda materna', 'cor de pele materna' e 'idade materna' com o desfecho ‘prematuridade’. Os resultados deste estudo demonstram a necessidade de aprimorar a assistência à saúde para gestantes que pertencem a segmentos sociais mais susceptíveis, especialmente no que se refere à educação. Por isso, é imperativo que políticas públicas sejam direcionadas para fortalecer o acompanhamento pré-natal, com foco particular nos grupos com maiores vulnerabilidades educacionais, de modo a melhorar o desfecho estudado para o binômio mãe-bebê.
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