RELAÇÃO ENTRE O PERFIL OCUPACIONAL E A BUSCA POR ATENDIMENTO OFTALMOLÓGICO DE URGÊNCIA
Palavras-chave:
traumatismos oculares; assistência ambulatorial; emergências; saúde pública; oftalmologiaResumo
Devido à complexidade ocular, muitas enfermidades podem acometer o olho e causar
cegueira, se não tratadas adequadamente. Estas doenças, então, são consideradas urgências
– cujo conceito geral é definido como uma ocorrência que necessita de assistência médica
imediata, com ou sem risco direto à vida. São exemplos de urgência oftalmológica a
conjuntivite, o corpo estranho ocular e os traumatismos oculares. Do ponto de vista
socioeconômico, cabe analisar os fatores envolvidos em um atendimento de urgência,
como a imprevisibilidade do caso e a necessidade de afastamento das atividades diárias.
Assim, objetivou-se analisar a relação entre a profissão e a busca por atendimento
oftalmológico de urgência. Trata-se de um estudo transversal, componente de uma
pesquisa mais ampla, desenvolvido a partir da análise de prontuários de pacientes
atendidos, durante o período de janeiro a dezembro de 2022, no setor de urgência
oftalmológica de um hospital especializado do Norte do Rio Grande do Sul. O estudo foi
aprovado pelo Comitê de Ética da UFFS, sob parecer nº 6.237.438. As variáveis estudadas
foram a profissão do paciente e o diagnóstico estabelecido durante o atendimento. A
análise estatística compreendeu as frequências absoluta e relativa das variáveis, bem como
a relação entre elas a partir do teste de Qui-quadrado de Pearson (p<0,05). A amostra
incluiu 400 pacientes, dos quais 14% eram aposentados, 11,5% eram agricultores e 9,2%
eram trabalhadores da construção civil. Entre os diagnósticos mais incidentes estavam a
lesão por corpo estranho (35%), o trauma ocular (12,5%) e a conjuntivite (10,2%). Dentre
os aposentados, o diagnóstico mais frequente foi o de trauma ocular, correspondendo a
14,3% (p<0,001) das injúrias desse grupo. Para as profissões ativas, a lesão por corpo
estranho representou a maior incidência, com 67,6% (p<0,001) entre os trabalhadores da
construção civil e 41,3% (p<0,001) entre os agricultores. Percebe-se que essas profissões
expõem os trabalhadores ao contato com agentes lesivos, como madeiras, pedras e
resíduos. Além disso, de maneira geral, exigem grau de escolaridade baixo e seus
empregadores não fornecem treinamento prévio, o que pode gerar mau uso de
equipamentos de proteção individual. Ainda, podem apresentar falhas na fiscalização,
motivo de aumento dos acidentes que, em grande parte, poderiam ser evitados. Esses
resultados reforçam a necessidade de medidas socioeducativas focadas na segurança da
população mais vulnerável ao risco de acidentes.
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