HERÓIS E VILÕES INVISÍVEIS: PREVALÊNCIA DE ESPÉCIES DE LACTOBACILOS EM MULHERES COM FLORA VAGINAL DE TIPO I
Palavras-chave:
Microbiota vaginal, Saúde reprodutiva, Lactobacillus iners, EpidemiologiaResumo
Nos últimos anos, o estudo da microbiota humana tem sido destaque na literatura, em outras palavras, trata-se do conjunto de microrganismos que habitam diversas partes do corpo e, por meio de mecanismos químicos e biológicos, influenciam aspectos de saúde e doença de seu hospedeiro. A microbiota vaginal é um exemplo, no qual é estabelecido o papel protetor de bactérias colonizadoras, entre elas os Lactobacillus crispatus e L. Jensenii, que, por meio da produção de D-ácido-lático, auxiliam a manter a estabilidade no ambiente vaginal. Mais recentemente, encontrou-se uma divergência quanto à visão de que todos os lactobacilos seriam benéficos, uma vez que o L. iners tem se mostrado incapaz de produzir a molécula anteriormente citada, o que pode facilitar estados de disbiose e maior facilidade na aquisição de infecções sexualmente transmissíveis. O objetivo do estudo foi analisar a prevalência das principais espécies de lactobacilos em mulheres com flora vaginal tipo I (definida como tendo predomínio de Lactobacillus). Trata-se de um estudo observacional, transversal e quantitativo com mulheres atendidas no Ambulatório de Especialidades de Ginecologia da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Passo Fundo – RS, entre dezembro/2021 a julho/2024. A amostra foi composta por conveniência de mulheres com idade entre 18 e 64 anos que estiveram em consulta via Sistema Único de Saúde. Para esse estudo, foram selecionadas pacientes randomicamente entre 221 previamente coletadas e com conteúdo vaginal classificado em Flora I pelo teste microscópico de morfologia corado pelo método de Gram. Laboratório de Bioquímica e Biologia Molecular da UFFS, uma alíquota do material cérvico-vaginal, coletado em meio líquido para exame Papanicolau, foi submetida à extração de DNA genômico e a pesquisa das espécies de lactobacilos foi realizada pela técnica de reação em cadeia da polimerase em tempo real (rt-PCR), com método Sybr Green para amplificação e identificação de regiôes genômicas caracteríscas, fazendo uso de primers específicos para cada tipo de lactobacilo. O protocolo do estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFFS. A análise estatística consistiu na distribuição das prevalências dos padrões de microbiota vaginal, através do programa PSPP, de distribuição livre. Foram estudadas 53 pacientes com microbiota vaginal de padrão normal (Flora I), com média de idade de 41,2 anos (± 10,6). Observou-se que a espécie mais prevalente foi o L. iners, presente em 60,4% das pacientes, seguido por L. crispatus (54,7%), L. jensenii (32,1%), L. gasseri (11,3%) e L. vaginalis (5,7%). Apesar da classificação morfológica da microbiota normal, com predominância de lactobacilos, a maior frequência de L. iners pode ser procupante quanto à manutenção do equilíbrio dos microrganismos na região vaginal, e novos estudos moleculares de identificação das espécies e suas funções que busquem traçar o perfil das pacientes são necessários para melhor entendimento de como cada espécie contribui para a homeostase vaginal.
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