HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA EM INDÍGENAS: UMA ANÁLISE DOS FATORES DE RISCO E DOS DESFECHOS CARDIOVASCULARES
Palavras-chave:
Indígenas; Hipertensão; Acidente vascular cerebral; Infarto agudo do miocárdioResumo
Introdução: Na década de 1970, a hipertensão arterial sistêmica (HAS) praticamente não existia em algumas populações indígenas, porém, nos últimos anos, algumas mudanças no âmbito nutricional e cultural desses povos propiciaram o aparecimento de problemas crônicos de saúde, como a HAS. Nesse contexto, é imperioso destacar o papel da HAS para o desenvolvimento das doenças cardiovasculares (DCV), as quais são a principal causa de morte no Brasil e no mundo. Dentre as DCV, destacam-se o acidente vascular cerebral (AVC) e o infarto agudo do miocárdio (IAM), patologias com alta carga de mobimortalidade. Objetivos: Descrever fatores de risco e desfechos clínicos em pacientes indígenas. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal, realizado no Ambulatório do Indígena, localizado junto à Universidade Federal da Fronteira Sul, no município de Passo Fundo – Rio Grande do Sul, mediante aprovação ética (parecer nº 5.918.524). A população deste estudo compreendeu pacientes com idade igual ou superior a 20 anos, de ambos os sexos, atendidos pela equipe médica do ambulatório de 01/08/21 a 31/12/22. A amostra foi constituída de 245 participantes. Os dados foram coletados por meio do acesso ao sistema de prontuários eletrônicos, sendo diretamente digitados no banco criado no software EpiData versão 3.1. Após a verificação de inconsistências, foram transferidos para programa estatístico PSPP, no qual foram realizadas as análises estatísticas. Ambos os softwares são de distribuição livre. Para este recorte foram utilizadas variáveis epidemiológicas (sexo, idade, escolaridade, tabagismo, etilismo e prática de atividades físicas), clínicas (AVC e IAM). Resultados: Foram incluídos 245 indígenas, sendo a maioria do sexo feminino (56,4%), não tabagistas (70,5%), não etilistas (71,8%) e sedentários (89,9%). A prevalência de HAS foi de 26,2%, enquanto o AVC e o IAM foi visto em 2,9% e 2,5% dos pacientes, respectivamente. Em relação aos fatores de risco e o desenvolvimento de HAS, foi observado, com grau de relevância estatística, uma maior presença de HAS naqueles indivíduos sem escolaridade (47,7%), enquanto naqueles com ensino médio completo a HAS estava presente em apenas 14,3%, p=0,011. Apesar de não apresentar diferença estatística, a HAS foi mais presente nos pacientes sedentários e tabagistas. Foi visto, com diferença estatisticamente significativa, maior prevalência do AVC naqueles indivíduos etilistas (8,2%), em relação aos não etilistas (1,3%), p=0,009. Apesar de não apresentar significância estatística, o AVC foi mais presente no sexo masculino, nos indivídos sem escolaridade, sedentários e tabagistas. Em relação ao IAM, foi visto com significância estatística, maior prevalência no sexo masculino (4,7%) em relação ao feminino (0,7%), p=0,047 e nos indivíduos tabagistas (4,6%), enquanto no grupo dos não tabagistas não foi observada a presença desse desfecho, p=0,007. Conclusão: Foi vista uma elevada prevalência de HAS (26,2%) na amostra, o que demonstra uma tendência do aparecimento das doenças crônicas nos indígenas brasileiros. Além disso, as relações estatísticas observadas para o desenvolvimento de HAS e de desfechos cardiovasculares a partir de alguns fatores de risco até então ausentes nas populações indígenas reforça a necessidade de políticas públicas que contenham a invasão desses comportamentos de risco nessa população singular.
Palavras-chave: Indígenas; Hipertensão; Acidente vascular cerebral; Infarto agudo do miocárdio.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Submeto o trabalho apresentado como texto original à Comissão Editorial do XIII SEPE e concordo que os direitos autorais, a ele referente, se torne propriedade do Anais do XIII SEPE da UFFS.