HIDRONEFROSE E PIELONEFRITE DEVIDO À UROLITÍASE URETERAL E VESICAL EM FÊMEA CANINA – RELATO DE CASO
Palavras-chave:
Urólito, Pielonefrite, Infecção bacteriana, CirurgiaResumo
A urolitíase é uma das afecções mais frequentes e fatores como predisposição genética, alimentação e idade estão envolvidos, podendo ter recidivas. Muitas vezes associa-se à hidronefrose, e a intervenção cirúrgica é indicada. Esse trabalho tem objetivo de relatar o caso de uma fêmea canina de nove anos, com recidiva de urólito vesical, além de ureteral, e hidronefrose esquerda pela obstrução do ureter. A paciente apresentava anorexia, incontinência urinária, dor abdominal à palpação, vesícula urinária distendida, e histórico de cistotomia há dois anos devido à urolitíase; foi realizado exame ultrassonográfico que confirmou o quadro recidivante. Após a realização de hemograma, bioquímica sérica, urinálise parcial, urocultura, estabilização da paciente com fluido e antibioticoterapia (enrofloxacina e ceftriaxona), seguiu-se a avaliação anestésica e o procedimento cirúrgico de nefrectomia unilateral esquerda, cistotomia para retirada do urólito e ovariohisterectomia (OVH) terapêutica. Aos exames, verificou-se leucocitose por neutrofilia com desvio à esquerda, anemia microcítica normocrômica, hemoglobinúria (+100 hemácias/campo), densidade urinária, valores de ALT e AST levemente diminuídos. Para realização do procedimento, foi realizada a incisão na linha média ventral retroumbilical. À incisão da vesícula urinária, identificou-se um urólito único, de formato oval, com aproximadamente 5 x 4 x 0,5 cm, que foi removido. Após a cistorrafia e omentalização, ampliou-se a incisão em sentido ao xifoide para exposição do rim esquerdo. Anteriormente à remoção do rim foi realizada a OVH. O rim esquerdo foi identificado, seguido da dissecação romba para exposição cuidadosa da artéria e veias renais, e hemostasia por ligadura dupla. O ureter foi dissecado e ligado duplamente próximo à vesícula urinária, sendo este e o rim esquerdo removidos. Após, foi feita inspeção final da cavidade, seguida da sutura muscular, redução do subcutâneo e dermorrafia. O órgão retirado foi enviado para exame histopatológico que concluiu o diagnóstico de pielonefrite difusa acentuada. O animal recebeu prescrição pós-cirúrgica de Onsior 10 mg (2,5 mg/kg/SID/2 dias), cloridrato de tramadol 12 mg (1,6 mg/kg/TID/3 dias), dipirona gotas (25 mg/kg/TID/3 dias), clorexidina spray (TID/15 dias) e encaminhamento para internação. Após 10 dias a ferida estava cicatrizada e as suturas foram removidas; verificou-se melhora no quadro clínico, alimentando-se e urinando normalmente. Os urólitos podem causar lesões no uroepitélio, resultando em inflamação com sinais de hematúria, polaciúria e disúria, e predispondo os animais ao desenvolvimento de infecção bacteriana, como verificado neste caso. A pielonefrite é uma inflamação purulenta no rim provocada por bactérias, que podem alcançá-los por via hematógena ou, mais frequentemente, pelos ureteres. Quando não há sucesso no tratamento clínico, a intervenção cirúrgica é indicada rapidamente, devido aos riscos para o paciente, como sepse e morte. Há relação direta entre hidronefrose e o desenvolvimento de pielonefrite, pois a medula renal é altamente vulnerável à colonização bacteriana, devido ao suprimento sanguíneo limitado e alta osmolaridade intersticial. Os principais microrganismos causadores de pielonefrite em cães são Escherichia coli, Sthaphylococcus aureus, Streptococcus spp., Pseudomonas aeruginosa, entre outros. O tratamento clínico-cirúrgico aplicado foi efetivo e permitiu a recuperação da paciente.
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