PERCEPÇÕES E CONHECIMENTOS DOS MUNÍCIPES DE AMPÉRE-PR SOBRE A FAUNA DE MORCEGOS (MAMMALIA, CHIROPTERA)

Resumo

Os morcegos são representantes da ordem Chiroptera, segunda maior da classe Mammalia, constituindo um dos grupos de mamíferos mais diversos, com mais de 1.300 espécies distribuídas por todo o mundo. No Brasil, existem 177 espécies de 68 gêneros conhecidos. E entre os estados do Sul do Brasil, o Paraná apresenta a maior riqueza de espécies com 64 espécies, seguido por Santa Catarina com 47 espécies e o Rio Grande do Sul apresentando 40 espécies de morcegos. Os atributos dados a esses animais são variados, a narrativa dada pelos primeiros colonizadores sobre a existência de morcegos-vampiros, serviram para que morcegos inofensivos fossem vistos como seres assustadores, remetendo à figura de um rato alado, noturno e sugador de sangue. Porém, a verdade é que do total de espécies somente três consomem sangue. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, estes animais são muito importantes para o equilíbrio dos ecossistemas já que estão envolvidos em vários processos ecológicos como polinização, dispersão de sementes e controle de insetos. Diversos fatores ameaçam a sobrevivência e a conservação dos morcegos. Devido aos mitos, crenças e superstições, muitas populações de morcegos são exterminadas pelos seres humanos, causando grande impacto no ambiente ao qual estavam inseridas. Dessa forma, através do componente curricular Projeto Integrador, do curso de Ciências Biológicas – Licenciatura da Universidade Federal da Fronteira Sul, foi desenvolvido este estudo que buscou investigar as percepções e o nível de conhecimento dos munícipes de Ampére-PR sobre os morcegos e possíveis mitos e preconceitos associados a esses animais. O estudo foi realizado entre setembro/2023 e janeiro/2024, na Praça Municipal Antônio Francio, no município de Ampére, sudoeste do Paraná, com 372 participantes com faixa etária entre 18 e 74 anos, dos quais 59% eram mulheres, 39% homens e 2% não quiseram responder. A maioria dos participantes residia em áreas urbanas e possuía ensino médio completo. Um dos achados mais significativos foi que, embora 73% dos entrevistados soubessem que os morcegos são mamíferos, 27% ainda os classificavam erroneamente como aves, répteis ou insetos. Além disso, 43% dos entrevistados afirmaram ter aprendido sobre morcegos na escola, mas ainda apresentavam concepções equivocadas sobre esses animais, especialmente em relação à sua alimentação, associando-os principalmente ao consumo de frutas e sangue. Os dados revelaram que a falta de conhecimento pode perpetuar mitos e preconceitos, o que reforça a necessidade de intervenções educativas para desmistificar as concepções negativas associadas aos morcegos. Assim, foram promovidas ações de educação ambiental durante atividade de extensão em ambiente público (Praça Central de Antonio Francio - Ampére/PR) que esclareceram a importância dos morcegos, corrigindo as informações equivocadas, contribuindo para a conservação dessas espécies e, consequentemente, para a manutenção dos ecossistemas. Também, durante essas atividades foram distribuídos folders informativos e expostos materiais para observação pela população, a partir dos quais foi possível visualizar as principais características deste grupo, inclusive diferenciar uma espécie hematófaga de uma não hematófaga. Além disso, a divulgação dos resultados foi feita pelas redes sociais do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal Fronteira Sul – Campus Realeza.