EFEITO DA INFECÇÃO POR COVID-19 NA AUTOPERCEPÇÃO DO ESTADO GERAL DE SAÚDE
Palavras-chave:
covid-19; autopercepção de saúde; bem estar; pandemia; impacto psicológicoResumo
Conforme a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde é “um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença”. Durante a pandemia de Coronavirus disease (COVID-19), além dos impactos físicos, o isolamento social e as incertezas sobre o tratamento alteraram o modo como as pessoas avaliavam seu próprio bem-estar. Assim, a infecção afetou não apenas o aspecto clínico, mas também a percepção de saúde e bem-estar, evidenciando a complexidade de enfrentar uma crise global que ultrapassou os efeitos fisiopatológicos de uma doença. Dessa forma, o presente estudo buscou caracterizar aspectos sociodemográficos e comportamentais de pacientes infectados por COVID-19, bem como descrever a prevalência da autopercepção negativa do estado geral de saúde pré e pós infecção. Estudo epidemiológico, transversal e descritivo, realizado em Passo Fundo, Rio Grande do Sul, mediante aprovação ética (parecer nº 5.453.565). Foram considerados elegíveis os indivíduos que estiveram internados e receberam alta hospitalar no período de 01 de setembro de 2021 a 30 de setembro de 2022 com diagnóstico confirmado de COVID-19, residentes na zona urbana do município, de ambos os sexos e com idade igual ou superior a 18 anos e excluídos aqueles que apresentaram qualquer deficiência cognitivo-funcional que impossibilitasse a coleta de dados. Os dados foram coletados em visitas domiciliares após a internação hospitalar, através da aplicação de questionário. As variáveis para esta análise contemplaram sexo, idade, cor da pele, estado civil, escolaridade, atividade remunerada, tabagismo e ingestão de bebida alcoólica. A autopercepção negativa do estado geral de saúde foi aferida pelo agrupamento das respostas “regular” e "ruim”, ao questionamento de “Qual a percepção do(a) Sr.(a) sobre seu estado geral de saúde antes da infecção?” e “Qual a percepção do(a) Sr.(a) sobre seu estado geral de saúde após a infecção?”. Para as variáveis categóricas, foram descritas as frequências absolutas (n) e relativas (%). Também foi verificada a prevalência da autopercepção negativa do estado geral de saúde antes e depois do COVID-19 com intervalo de confiança de 95% (IC95). Na amostra de 162 usuários destacaram-se mulheres (53,1%), com idade igual ou superior a 60 anos (67,4%), brancas (71,0%), com cônjuge (58,0%), ensino fundamental completo (47,5%), sem atividade remunerada (75,3%) e tabagistas (41,6%). Ainda, metade da amostra relatou consumo de bebidas alcoólicas. A autopercepção negativa de saúde antes da infecção por COVID-19 teve prevalência de 29% (IC95 22-36) e, após a infecção, de 70% (IC95 63-77). Os resultados indicam aumento significativo da autopercepção negativa da saúde após a infecção pela COVID-19, evidenciando que essa patologia não afetou apenas a esfera clínica dos pacientes, mas toda a sua noção individual de saúde. Os achados deste estudo revelam a necessidade de um cuidado multifatorial e contínuo para a prevenção futura de outras complicações, não apenas clínicas, mas de todo o contexto de saúde e bem-estar do paciente.
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