PREVALÊNCIA DO DIAGNÓSTICO TARDIO DE SURDEZ E A RELAÇÃO COM A QUALIDADE DE VIDA EM ADULTOS

Resumo

A surdez, ou hipoacusia, é uma condição significativa que afeta a qualidade de vida ao
comprometer a percepção sonora essencial para a comunicação e interação social. A
hipoacusia pode ser categorizada por grau (Leve a Total), tipo (Neurossensorial, Condutiva,
Mista), lateralidade (Bilateral ou Unilateral) e simetria (Simétrica ou Assimétrica). Este
estudo busca estimar a prevalência do diagnóstico tardio de surdez em adultos e investigar
sua relação com a qualidade de vida. Realizado no curso de Medicina da Universidade
Federal da Fronteira Sul, campus Passo Fundo - RS, este estudo transversal coletou dados
através de um questionário eletrônico entre 27 de janeiro e 31 de maio de 2023. A amostra
compreendeu 161 adultos surdos, com idades entre 18 e 59 anos, residentes no Brasil. A
variável independente foi a idade ao diagnóstico de surdez (precoce ou tardio) e a variável
dependente foi a qualidade de vida, avaliada pelo WHOQOL-bref da Organização Mundial
da Saúde. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética sob parecer número 5.815.037. A
análise descritiva das frequências absolutas e relativas revelou o panorama
sociodemográfico, comportamental e de saúde da amostra. Apenas 16,1% dos participantes
receberam diagnóstico precoce, com 49,7% apresentando qualidade de vida ruim ou regular.
Entre os domínios avaliados, o físico teve a maior média de escore (72,55 ± 12,89), enquanto
o domínio do meio ambiente obteve a menor média (68,31 ± 13,15). Indivíduos
diagnosticados precocemente mostraram uma maior frequência de qualidade de vida ruim
no domínio do meio ambiente (73,1%, p=0,039). Os achados destacam que a qualidade de
vida dos indivíduos surdos é influenciada não apenas pela idade ao diagnóstico, mas
também pelo grau de hipoacusia. O diagnóstico precoce é crucial para intervenções
adequadas que possam melhorar a qualidade de vida, enfatizando a necessidade de políticas
de saúde pública eficazes para triagem auditiva e intervenções precoces. A qualidade de
vida de indivíduos com perda auditiva está intimamente ligada ao tempo e grau de
diagnóstico. Esses resultados reforçam a urgência de políticas de saúde pública que
promovam o diagnóstico precoce e a reabilitação auditiva adequada, visando minimizar os
impactos negativos da surdez.