PROCEDIMENTOS CEREBROVASCULARES ELETIVOS: PERFIL CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO E MEDICAMENTOS CARDIOVASCULARES INTRAOPERATÓRIOS

Autores

  • Lucas Dalla Maria Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Passo Fundo
  • Bruna Dambrós Neckel Atitus Educação
  • Paulo Dambros Filho Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Passo Fundo
  • Marcelo João Hildebrando Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Passo Fundo
  • Shana Ginar da Silva Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Passo Fundo
  • Eugenio Pagnussatt Neto Clínica de Anestesiologia e Medicina Perioperatória
  • Ivana Loraine Lindemann Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Passo Fundo

Palavras-chave:

neurocirurgia, procedimentos endovasculares, neuroanestesia, fármacos cardiovasculares, assistência perioperatória

Resumo

Os procedimentos cerebrovasculares eletivos são intervenções cirúrgicas complexas fundamentais para o manejo de diversas condições neurológicas, como aneurismas, malformações arteriovenosas e estenoses vasculares. Eles exigem a avaliação clínica minuciosa e o planejamento anestésico-cirúrgico cuidadoso devido à complexidade do procedimento e às especificidades dos pacientes. Além disso, a administração intraoperatória de medicamentos cardiovasculares é um componente essencial para garantir a estabilidade hemodinâmica e prevenir complicações potencialmente fatais. Diante disso, este estudo tem como objetivo caracterizar o perfil clínico-epidemiológico dos pacientes submetidos à procedimentos cerebrovasculares eletivos, bem como descrever os medicamentos cardiovasculares intraoperatórios. Estudo transversal descritivo realizado em hospital terciário de Passo Fundo, Rio Grande do Sul, incluindo indivíduos com idade igual ou superior a 18 anos submetidos a intervenções cerebrovasculares eletivas de janeiro de 2020 a dezembro de 2022. Após a aprovação ética sob parecer n° 6.282.730 e dispensa do termo de consentimento livre e esclarecido, os dados foram coletados em prontuários eletrônicos. O perfil clínico-epidemiológico foi investigado no período pré-operatório, enquanto a abordagem farmacológica cardiovascular foi analisada no período intraoperatório. Na análise estatística, executaram-se as estimativas das frequências absolutas (n) e relativas (%) das variáveis categóricas. Amostra de 39 participantes, destacando-se sexo masculino (53,8%), idade igual ou superior a 60 anos (51,3%), brancos (94,9%), católicos (71,8%), com cônjuge (61,5%), ensino médio completo (47,2%) e peso inadequado (71,0%). Em relação aos aspectos comportamentais, 25,6% informaram tabagismo e 59,0% relataram etilismo. Quanto à saúde, 5,1% apresentaram atopia medicamentosa, 97,4% faziam uso contínuo de medicamentos, 97,4% exibiam comorbidades e 82,1% necessitaram de cirurgias prévias. Em relação aos medicamentos cardiovasculares intraoperatórios, evidenciou-se predomínio da Heparina (94,9%) e Atropina (43,6%), seguidos pelo Clopidogrel (7,7%), Protamina (5,1%) e Tirofibana (2,6%). Nenhum participante fez uso intraoperatório de Ácido Tranexâmico e Trombina. Em relação ao quantitativo de agentes farmacológicos cardiovasculares, constatou-se a administração de um, dois e três medicamentos em, respectivamente, 41,1%, 48,7% e 5,1%. Ademais, 5,1% não necessitaram de medicamentos cardiovasculares intraoperatórios e nenhum participante precisou de quarto ou mais fármacos com ação no sistema cardiovascular. Os resultados deste estudo indicam que os procedimentos cerebrovasculares eletivos são realizados, predominantemente, em homens idosos, etilistas, com peso inadequado, comorbidades, cirurgias prévias e em uso de medicação contínua. A análise farmacológica revelou a administração majoritária de Heparina e Atropina, destacando-se a crucial atuação desses agentes na manutenção da estabilidade cardiovascular durante o ato anestésico-cirúrgico. Por outro lado, a reduzida administração de Clopidogrel, Protamina e Tirofibana, bem como a ausência do uso do Ácido Tranexâmico e da Trombina refletem as práticas clínicas adotadas na instituição hospitalar em que o estudo foi conduzido, ou podem ainda, ser decorrentes do tamanho amostral reduzido. Essas informações podem contribuir para a melhoria dos cuidados perioperatórios e a minimização das complicações pós-operatórias, evidenciando a necessidade de uma abordagem individualizada baseada no perfil clínico-epidemiológico dos pacientes e nas demandas anestésico-cirúrgicas de cada procedimento.

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Publicado

04-10-2024

Edição

Seção

Ciências da Saúde - Pesquisa - Campus Passo Fundo