EDUCAÇÃO EM SAÚDE COMO FERRAMENTA PARA AS PRÁTICAS DE SAÚDE COLETIVA

Autores

  • Karina Letícia Strapazzon Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Otavio Ananias Pereira da Silva Ribeiro
  • André Crenak Caldeira Delforge
  • Ana Paula Gomes Rodrigues
  • Valéria Borges Barichello
  • Ana Laura Ferrari Fantin
  • Sandra Mara Scaranto
  • Patricia Haas

Palavras-chave:

Comunidades vulneráveis, Educação em saúde, Intersetorialidade

Resumo

As atividades práticas dentro do componente curricular “Saúde Coletiva II” desempenham um papel fundamental na promoção da saúde e no fortalecimento das comunidades, especialmente em contextos de vulnerabilidade social, bem como na formação médica dos estudantes. Nesse sentido, a terceira vivência da disciplina “Saúde Coletiva II” do curso de medicina da Universidade Federal da Fronteira Sul, realizada na ONG Programa Viver, em Chapecó, proporcionou uma experiência prática de educação em saúde com crianças em situação de vulnerabilidade. A ação teve como objetivo engajar essas crianças em discussões sobre saúde de forma interativa e lúdica, utilizando balões contendo perguntas sobre prevenção de doenças, higiene pessoal, educação alimentar, atividade física e prevenção de acidentes. A territorialização, estratégia essencial no planejamento de serviços de saúde, foi visível na escolha da localização da ONG, que atende 190 crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade. A ONG, mantida por doações e atuante há 31 anos, enfrenta desafios como a violência doméstica enfrentada pelas crianças e a falta de apoio familiar, além de dificuldades financeiras que exigem constantes ações de arrecadação. Essas condições tornam a atuação da equipe multidisciplinar, composta por 31 profissionais, ainda mais crucial. Durante a vivência, foi possível interagir com cerca de 30 crianças, de 8 a 15 anos, utilizando uma abordagem inicial que visava estabelecer conexão por meio do compartilhamento de histórias de superação. A dinâmica dos balões, que estimulou a participação ativa das crianças, mostrou-se eficaz para engajar o grupo e facilitar o aprendizado de maneira lúdica e participativa. Esse método, alinhado ao princípio de Paulo Freire de que a educação deve ser um ato de liberdade, permitiu que as crianças fossem protagonistas no processo de construção do conhecimento. A experiência revelou a importância de adaptar a linguagem e as técnicas de ensino à faixa etária e ao contexto sociocultural dos participantes. Além disso, a abordagem intersetorial, integrando serviços de saúde, educação e assistência social, demonstrou ser fundamental para abordar os determinantes sociais da saúde de forma holística. A proximidade da ONG com a escola e a parceria estabelecida para verificar a frequência escolar das crianças são exemplos de como a intersetorialidade pode contribuir para o desenvolvimento integral dos indivíduos. A educação em saúde realizada na ONG Programa Viver não só forneceu informações importantes sobre cuidados com a saúde, mas também promoveu o desenvolvimento de habilidades sociais e cidadania. O engajamento das crianças em atividades educativas no contraturno escolar contribui para a formação de cidadãos conscientes e fortalece os vínculos sociais. A vivência sublinhou a importância de políticas públicas que apoiem organizações comunitárias e promovam a educação em saúde como meio de empoderar as comunidades. A integração dos serviços de saúde com outros setores e a territorialização das intervenções são essenciais para promover o bem-estar integral da população, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa.

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Publicado

01-10-2024

Edição

Seção

Ciências da Saúde - Ensino - Campus Chapecó