MULTIMORBIDADE E RELAÇÃO COM VARIÁVEIS SOCIODEMOGRÁFICAS E INSÔNIA EM ADULTOS E IDOSOS ATENDIDOS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Autores

  • Caroline Andreetta UFFS
  • Leonardo Mateus Faccio Franz
  • Lucas Dalla Maria
  • Martina Bassolli
  • Gustavo Olszanski Acrani
  • Ivana Loraine Lindemann

Palavras-chave:

Sono, qualidade do sono, medicina do sono, morbidade, indicadores de doenças crônicas

Resumo

A expectativa de vida vem aumentando ao longo dos anos, refletindo no envelhecimento populacional e, consequentemente, no aumento de multimorbidade, definida como simultaneidade de duas ou mais doenças crônicas. Embora multifatorial, sabe-se que o estilo de vida possui forte influência no seu desenvolvimento, sendo o sono um de seus elementos primordiais. Assim, este estudo transversal objetiva avaliar a prevalência de multimorbidade e verificar sua relação com variáveis sociodemográficas e insônia. O estudo foi realizado na rede urbana de Atenção Primária à Saúde de Passo Fundo, Rio Grande do Sul, incluindo indivíduos com idade igual ou superior a 18 anos (aprovação ética sob parecer n° 3.219.633). Os dados foram coletados por aplicação de questionário, sendo que a insônia foi averiguada mediante as perguntas: nas últimas 04 semanas, você: a) “teve dificuldade em pegar no sono?”; b) “acordou de madrugada e teve dificuldade de voltar a dormir?”; c) “se sentiu cansado durante o dia, prejudicando suas atividades por não dormir direito?”; d) “teve noite curta de sono por que acordou muito cedo (6 horas ou menos de sono)?”, cujas opções de resposta eram “sim” e “não”. A exposição foi calculada considerando insones aqueles que respondessem “sim” para, pelo menos, duas das perguntas. Para o desfecho, foram considerados diagnósticos médicos autorreferidos de doenças crônicas (hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia, cardiopatia, tireoidopatia, câncer, artrite e depressão). As variáveis independentes contemplaram sexo, idade, cor da pele, escolaridade, situação conjugal, renda per capita, exercício de atividade remunerada, insônia, prática de atividade física, tabagismo e consumo de bebida alcoólica. Na análise estatística, executaram-se a descrição das frequências absolutas e relativas das variáveis independentes, o cálculo da prevalência do desfecho com intervalo de confiança de 95% (IC95) e a verificação da sua distribuição conforme variáveis preditoras (teste de qui-quadrado de Pearson; erro alfa de 5%). Na amostra de 1.443 usuários destacaram-se sexo feminino (71,0%), faixa etária entre 18 e 29 anos (20,5%), cor branca (64,8%), ensino fundamental (45,6%), pessoas com cônjuge (72,2%), com renda per capita igual ou inferior a um salário mínimo (71,2%), não exercendo atividade remunerada (57,4%), realizando atividade física (57,5%) e com insônia (52,8%), sendo 18,3% tabagistas e 29,1% consumidores de álcool. A prevalência de multimorbidade na amostra foi de 40,7% (IC95 38,2-43,2). Observou-se maior prevalência do desfecho entre os participantes com idade igual ou superior a 60 anos, sendo que 68,2% deles possuíam multimorbidades (p<0,001), a qual esteve presente também em 44,9% daqueles com ensino fundamental (p=0,001), em 46,0% daqueles com renda per capita maior que um salário mínimo (p=0,021), em 49,8% daqueles que não exerciam atividade remunerada (p<0,001), em 45,7% daqueles que praticavam atividade física (p=0,001), em 45,9% dos insones (p<0,001), em 33,0% dos fumantes (p=0,005) e em 36,5% dos consumidores de álcool (p=0,041). A elevada prevalência do desfecho, especialmente em indivíduos com idade avançada e insônia, demonstra um envelhecimento populacional sem necessariamente estar acompanhado de qualidade de vida, reforçando a importância da adoção de hábitos saudáveis com foco na melhoria da qualidade do sono.

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Publicado

04-10-2024

Edição

Seção

Ciências da Saúde - Pesquisa - Campus Passo Fundo