A PAUTA AMBIENTAL E O MOVIMENTO CAMPONÊS
AÇÕES DO MST NA MESOREGIÃO CENTRO-SUL DO PARANÁ
Palavras-chave:
Luta pela terra; Movimento social; Questão agrária; Questão ambiental.Resumo
A problemática da questão agrária e da questão ambiental no Brasil pode ser compreendida a partir da reestruturação do capital financeiro na agricultura e da propriedade privada da terra, juridicamente identificada e exclusiva a um só ser humano, ao excluir todas as outras formas de vida. A crescente demanda internacional de commodities agrícolas, com o aprofundamento da mercantilização da terra, acentua a crise ambiental e a degradação do meio ambiente que não são contabilizadas nas métricas econômicas padrão, por serem designadas pelo sistema como externalidades. A luta pelo acesso à terra no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), também pauta a questão ambiental e a agroecologia como modelo de produção agrícola, fomentando debates e processos organizativos em acampamentos e assentamentos, e cursos formais e informais de agroecologia. Nesse viés, o objetivo deste trabalho foi buscar e analisar ações do MST mediante a pauta ambiental na mesoregião Centro-Sul do Paraná. A metodologia utilizada foi a de pesquisa participante e revisão bibliográfica. Cabe salientar que a referida mesoregião é caracterizada por ocupações de grandes latifúndios, se destacando em áreas contínuas os municípios de Rio Bonito do Iguaçu, Nova Laranjeiras e Quedas do Iguaçu, onde possuem grandes acampamentos. A partir do ano de 2018, as famílias que residem nos acampamentos se organizaram em lotes individuais, onde os camponeses (as) passaram a buscar diferentes estratégias e adaptações locais para garantir a produção, a renda, o crédito e a manutenção familiar. A materialidade dos territórios e visões de mundo do (a) camponês (camponesa) sobre a realidade, possibilitou para alguns dos (as) camponeses (as) do acampamento Dom Tomás Balduíno outra perspectiva de modo de produção e uso da terra. Identificaram, que em alguns espaços da área, a flora não foi totalmente extinta e substituída pela monocultura de pinus, restando remanescentes da flora local com a possibilidade de consolidar um modo de produção sustentável a partir do manejo e do extrativismo. A partir da iniciativa do trabalho de manejo para a preservação da palmeira juçara (Euterpe edulis), como fonte de produção e renda de algumas famílias, desencadeou-se outros processos nesse locais, associados à Política Nacional do MST por Reforma Agrária Popular, com a implementação do plano nacional de plantar árvores e produzir alimentos saudáveis. Nesse contexto, em 2023, na Semana Mundial do Meio Ambiente, o acampamento Dom Tomás Balduíno em Quedas do Iguaçu (PR) foi protagonista da primeira semeadura da palmeira juçara durante a 1º Jornada da Natureza do MST, onde por meio do helicóptero da Polícia Rodoviária Federal (PRF) foram lançadas as sementes em uma área de 67 ha de reserva de Mata Atlântica nas encostas do Rio Iguaçu. Essa ação foi repetida em 2024 com mais força na “2° Jornada da Natureza: semeando vida para enfrentar a crise ambiental” totalizando a semeadura deaproximadamente 8 toneladas de sementes em territórios de Reforma Agrária, contribuindo, assim, nas ações de preservação ambiental, de agroecologia e de desenvolvimento sustentável.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Submeto o trabalho apresentado como texto original à Comissão Editorial do XIII SEPE e concordo que os direitos autorais, a ele referente, se torne propriedade do Anais do XIII SEPE da UFFS.