COMPORTAMENTO ALIMENTAR DE INDIVÍDUOS ACOMPANHADOS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE E DIAGNÓSTICO DE DIABETES MELLITUS
Palavras-chave:
atenção primária à saúde, comportamento alimentar, doenças metabólicas, estudos transversaisResumo
A Diabetes Mellitus (DM) configura um grupo de doenças metabólicas em que os níveis
glicêmicos encontram-se elevados durante um longo período de tempo. Ela pode ser
influenciada por predisposição genética e hábitos de vida, incluindo o comportamento
alimentar (CA) que, por sua vez, pode alterar níveis de colesterol e favorecer sobrepeso e
obesidade, fatores comprovadamente associados ao desenvolvimento da doença. Sendo
assim, o presente estudo pretendeu avaliar a relação entre práticas de comportamento
alimentar e diagnóstico médico autorreferido de DM em usuários da Atenção Primária à
Saúde (APS). Trata-se de um recorte de pesquisa transversal aprovada pelo Comitê de Ética
em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal da Fronteira Sul e efetuada em
34 unidades da APS da zona urbana de Passo Fundo, Rio Grande do Sul. Os dados foram
obtidos através de questionários aplicados entre maio e agosto de 2019 nas unidades de
saúde. O desfecho foi avaliado pelo questionamento “Alguma vez algum médico lhe disse
que você tem: Diabetes?”, considerando somente as respostas “sim”. As variáveis
independentes observadas foram sexo, idade, cor da pele, saber ler e escrever, peso corporal
e comportamento alimentar, utilizando-se de um escore com variação de 0 a 9 pontos. Na
construção dessa ferramenta, um ponto foi somado ao escore a cada CA julgado adequado,
incluindo quando os entrevistados referiram fazer 5 ou mais refeições diárias; e não as
realizar assistindo à TV, mexendo no computador e/ou celular. Ademais, considerando o
dia anterior à entrevista, se ingeriram: feijão; frutas frescas; verduras e/ou legumes; ou
ainda, no mesmo período, caso não consumiram hambúrguer e/ou embutidos; bebidas
adoçadas; macarrão instantâneo, salgadinhos de pacote ou biscoitos salgados; biscoito
recheado, doces ou guloseimas. A partir da somatória, a pontuação de 1-3 pontos foi
considerada baixo escore alimentar, a de 4-6, médio, e a de 7-9, alto. Na análise estatística,
as frequências absolutas e relativas das variáveis independentes, o cálculo da prevalência
do desfecho com intervalo de confiança de 95% (IC95) e a análise de sua distribuição em
função das variáveis preditoras (teste de qui-quadrado de Pearson; erro alfa de 5%) foram
executadas. A amostra (n=1.443) foi composta sobretudo por indivíduos do sexo feminino
(71,0%), com 18 a 29 anos (20,5%), cor branca (64,8%), que sabem ler e escrever (94,8%)
e com peso corporal inadequado (68,7%). Quanto ao CA, a maior parte (58,1%) obteve
escore médio e 28,1%, alto. Em relação ao desfecho, a prevalência encontrada foi de 19%
(IC95 17-21), sendo maior em mulheres (64,9%; p=0,012), idosos (49,6%; p<0,001),
indivíduos com peso corporal inadequado (78,6%; p<0,001) e que sabem ler e escrever
(90,9%; p=0,001). Quanto à relação entre o escore de CA e o DM, o desfecho se mostrou
predominante na categoria de escore médio, seguido pelo escore alto (51,0% e 44,5%,
respectivamente; p<0,001). Isso pode ser explicado pelo delineamento da pesquisa, por
apresentar possibilidade de viés de causalidade reversa, uma vez que indivíduos com DM
são orientados a cultivar hábitos alimentares mais saudáveis a fim de auxiliar o tratamento
da doença e evitar complicações.
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