USO CONTÍNUO DE MEDICAMENTOS POR USUÁRIOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Resumo

A utilização contínua de medicação é uma realidade cada vez mais comum na população. O presente estudo teve como objetivo avaliar a prevalência do uso contínuo de medicamentos e sua relação com outras características individuais. Foi realizada a aplicação de questionários para coleta de informações primárias entre maio e agosto de 2019, a indivíduos com idade igual ou superior a 18 anos que aguardavam por atendimento nas unidades de saúde. O desfecho avaliado foi o uso contínuo de fármacos, informação obtida por meio da pergunta “Tem algum remédio que você toma todos os dias? As variáveis independentes analisadas foram idade, escolaridade e presença de multimorbidade, aferida por meio do diagnóstico médico autorreferido de duas ou mais das seguintes doenças crônicas: hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, hipercolesterolemia,  hipertrigliceridemia, cardiopatia e tireoideopatia. Foram estimadas as frequências absolutas e relativas das variáveis independentes, bem como foi realizado o cálculo da prevalência do desfecho com intervalo de confiança de 95% (IC95), com avaliação de sua distribuição frente às variáveis de exposição (teste de qui-quadrado de Pearson; erro alfa de 5%). A amostra (n=1.443) foi composta pela maioria de 20 a 39 anos (39,9%), com ensino fundamental completo (45,6%) e, além disso, 40,7% apresentaram um quadro de multimorbidade. A prevalência do uso contínuo de medicamentos foi de 63,6% (IC95 61-66), sendo mais frequente na faixa etária ≥60 anos (90,6%, p<0,001), em indivíduos escolarizados (62,7%, p=0,002) e com multimorbidade (89,1%, p<0,001). A relação com a faixa etária e as multimorbidades está em conformidade com outras literaturas.  Entretanto, em se tratando da escolaridade, aferiu-se uma maior prevalência do desfecho em indivíduos alfabetizados, ao contrário do previsto na literatura.