CONTRIBUIÇÕES DA VISITA DOMICILIAR PARA A FORMAÇÃO ACADÊMICA EM ENFERMAGEM: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Resumo

Na Atenção Primária à Saúde, a visita domiciliar é um instrumento de ampliação do acesso a cuidados de saúde e contribui para a prática profissional pautada na integralidade, sendo integrada ao cotidiano de trabalho das equipes de Estratégia de Saúde da Família. Na atuação nestas equipes, os enfermeiros desenvolvem as atividades que são inerentes ao seu campo profissional, assim como compartilham de conhecimentos e do cuidado com a equipe multiprofissional, exercendo uma responsabilidade pela atenção à saúde das pessoas de um determinado território. Com isso, as visitas domiciliares representam um importante recurso de cuidado à família, que é incorporado ao cotidiano de trabalho do enfermeiro, sobretudo às pessoas cuja situação de saúde representa dificuldades para acesso à unidade de saúde. Sendo uma prática do enfermeiro, a realização de visitas domiciliares está integrada à formação acadêmica de enfermagem na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). Esse resumo tem como objetivo compartilhar a experiência na realização de visitas domiciliares durante as atividades teórico-práticas do componente curricular de Cuidado de Enfermagem em Atenção Básica de Saúde e suas implicações para a formação acadêmica em enfermagem. Trata-se do relato de uma experiência vivenciada por estudantes da quinta fase do curso de Enfermagem da UFFS durante suas atividades teórico-práticas em um Centro de Saúde da Família, localizado em um município do Oeste do Estado de Santa Catarina, Brasil. Nas atividades práticas, os estudantes realizaram visitas domiciliares baseando-se nas etapas: planejamento, execução, registro de dados e avaliação. Antes das visitas houve preparação, com acesso ao histórico de saúde e definição dos objetivos de cada visita, assim como dos materiais necessários. Em seguida, os estudantes, acompanhados pela docente e Agente Comunitária de Saúde, se apresentaram, explicaram o objetivo da visita, realizaram anamnese detalhada, sinais vitais e as técnicas de exame fisico aplicáveis a cada caso. Conforme necessário, orientou-se sobre cuidados específicos, tais como prevenção de quedas e acidentes, promoção do autocuidado e sobre o uso correto de medicamentos. Os registros de cada visita foram estruturados pelos estudantes e apresentados para a docente, considerando o método SOAP (Subjetivo, Objetivo, Avaliação e Plano). Bem como, os estudantes aplicaram, sob orientação docente, instrumentos de abordagem familiar (genograma, ecomapa), Escala de Coelho-Savassi e o Processo de Enfermagem segundo Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE®). Na etapa de avaliação, dialogou-se sobre cada uma das visitas, sendo um momento de aprofundamento teórico e discussão clínica sobre a condição de saúde dos usuários e sua fisiopatologia, indicações e ações dos medicamentos em uso e cuidados de enfermagem. Estes momentos permitiram a interdisciplinaridade, mediante integração de conteúdos com outras disciplinas já estudadas ou em curso no semestre. As visitas contribuíram para que os estudantes aprimorassem suas competências e habilidades de comunicação e o raciocínio clínico. Houve o entendimento de que, a partir das visitas domiciliares, amplia-se o olhar para o cuidado do usuário e da família, o que colabora com a atenção integral e equitativa em saúde.