POLIFARMÁCIA EM USUÁRIOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Resumo

O uso de cinco ou mais medicamentos, também conhecido como polifarmácia, está cada vez mais presente no cotidiano da população, principalmente entre os idosos. O presente estudo teve como objetivo estimar a prevalência da polifarmácia e avaliar a relação com outras características individuais. O desfecho avaliado foi a polifarmácia, informação obtida por meio da pergunta “Quantos remédios você toma todos os dias?, sendo considerados polimedicados aqueles que referiram o uso de cinco ou mais medicamentos diariamente. As variáveis independentes analisadas foram idade, alfabetização, consumo de bebidas alcoólicas e presença de multimorbidade (diagnóstico médico autorreferido de duas ou mais das seguintes doenças crônicas: hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia, cardiopatia e tireoideopatia). Foram verificadas as frequências absolutas e relativas das variáveis independentes, bem como foi realizado o cálculo da prevalência do desfecho com intervalo de confiança de 95% (IC95), com avaliação de sua distribuição frente às variáveis de exposição (teste de qui-quadrado de Pearson; erro alfa de 5%). A amostra (n=1.443) foi composta majoritariamente por indivíduos de 18 a 39 anos (20,5%), com ensino fundamental completo (45,6%), consumo de bebida alcoólica (29,1%) e com quadro de multimorbidade (40,6%). A prevalência da polifarmácia foi de 13% (IC95 15-17%), sendo maior naqueles com idade ≥60 anos (32,8%, p<0,001), ensino fundamental incompleto (30,7%, p<0,001), com multimorbidade (31,9%, p<0,001) e que não consumiam bebida alcoólica (17,1%, p<0,001). A relação entre idade avançada, multimorbidade e ensino fundamental incompleto em relação ao desfecho, vão de encontro com a literatura. Entretanto, foi encontrada uma relação positiva entre a polifarmácia e o não consumo de bebida alcoólica, o contrário do esperado.