DETERMINAÇÃO DA MICROBIOTA VAGINAL DE ACORDO COM A IDADE DE MULHERES ATENDIDAS EM UM AMBULATÓRIO DO NORTE GAÚCHO

  • Maria Eduarda Lêmes Mora Universidade Federal da Fronteira Sul-Campus de Passo Fundo
  • Greice Bozza UFFS
  • Silvane Nenê Portela UFFS
  • Giovana Paula Bonfantti Donato UFFS
  • Gustavo Olszanski Acrani UFFS
  • Ivana Loraine Lindemann UFFS
  • Jossimara Polettini UFFS
Palavras-chave: Saúde da Mulher; Esfregaço Vaginal; Técnicas em Laboratório Clínico; Vaginose Bacteriana.

Resumo

Introdução: A microbiota vaginal caracteriza-se pelo predomínio de lactobacilos, os quais atuam em simbiose para manter o microambiente com pH baixo e evitar proliferação de microrganismos patogênicos. Dessa forma, compreender as características da microbiota vaginal de pacientes de diferentes populações em diferentes idades permite um acompanhamento mais próximo daquelas com microbiota suscetível à disbiose. Objetivos: Determinar o padrão de microbiota em amostras de conteúdo vaginal de mulheres atendidas em um ambulatório do norte gaúcho e estratificar os resultados de acordo com a faixa etária. Metodologia: Estudo transversal, realizado no ambulatório de Ginecologia e Obstetrícia da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), campus Passo Fundo e Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) no período de 2020 a 2023. A população é composta de mulheres com idade entre 18 e 64 anos, não gestantes, atendidas via Sistema Único de Saúde (SUS) e que são submetidas a exame citopatológico conforme critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFFS (parecer 3.501.252). As pacientes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e responderam a um questionário com questões sociodemográficas e de saúde. As amostras de conteúdo vaginal foram coletadas por swab de conteúdo vaginal e coradas pelo método de Gram, analisadas e classificadas por meio do Escore de Nugent, o qual permite a divisão entre microbiota vaginal normal (Flora I), microbiota vaginal intermediária (Flora II) e vaginose bacteriana. Os dados foram digitados duplamente em uma planilha eletrônica e para a análise da distribuição das frequências das variáveis. Os dados foram analisados de acordo com dois diferentes grupos: idade reprodutiva (18-44 anos) e não reprodutiva (45-64 anos), e a sua relação com as variáveis foi verificada pelo Teste de Qui-quadrado, realizado no programa de análises estatísticas PSPP (distribuição livre), considerando-se  o nível de significância estatística de 5%. Resultados: Foram incluídas 174 mulheres, com média de idade 43,0 anos, sendo 47,7% da amostra em idade reprodutiva, sendo que 54,5% apresentaram Flora I, 2,8% Flora II, enquanto a vaginose bacteriana foi detectada em 27,5% da amostra. Realizada a estratificação entre idade categorizada e microbiota vaginal, têm-se que a Flora I é predominantemente positiva nas mulheres em idade reprodutiva, 60,4% (p = 0,012) e a vaginose bacteriana com valores mais tênues, encontra-se presente em 15,5% nas mulheres em idade fértil e em 12,0% nas mulheres consideradas na faixa etária não reprodutiva (p = 0,461). Conclusão: Nota-se que, embora a maioria das mulheres em idade reprodutiva apresentem microbiota vaginal normal, uma parte considerável delas possuiu vaginose bacteriana. Esse resultado é de extrema importância para a saúde pública, visto que esta disbiose está relaciona a implicações como maior associação a IST, doença inflamatória pélvica e parto prematuro, totalizando em maiores gastos nacionais. Nesse sentido, faz-se necessário a implementação de medidas que visem à prevenção e o tratamento precoce a fim de diminuir os agravos para a saúde dessas mulheres.

Publicado
31-10-2023