Revisão dos conceitos de moradia, hospedagem e acolhimento em arquitetura

  • Marcos Sardá Vieira UFFS - Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus Erechim
  • Marvin Davi Rojeski Universidade Federal da Fronteira Sul https://orcid.org/0009-0000-2657-1045
  • Almir Barbosa Reis Neto Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Thaiz dos Santos de Oliveira Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Emily Letícia Simionato Universidade Federal da Fronteira Sul
Palavras-chave: Moradia, Hospedagem, Acolhimento, Arquitetura contra-hegemônica

Resumo

Nos estudos de Arquitetura e Urbanismo a habitação costuma ser vista, basicamente, como materialidade técnica e funcional para atender necessidades fisiológicas e cotidianas quase imutáveis. Entretanto, pouco é pensado na relação deste dispositivo diante da complexidade de valores e relações socioculturais associadas à diversidade de interesses e desejos humanos da atualidade. Para refletir sobre este assunto, esta pesquisa vinculada à UFFS (PES/2022/0519) com o título “Espaços e moradia, acolhimento e hospedagem” trata do sentido destas funções espaciais no âmbito da arquitetura das cidades contemporâneas, procurando resgatar conceitos, definições e exemplos de condições habitacionais e de hospedagens para, assim, problematizar tais necessidades, vistas de maneira equivocada como universais em diferentes contextos socioculturais, identitários e meios de viabilidade técnica construtiva. Para tanto, nos pautamos pelo contexto epistemológico e interdisciplinar entre os campos da arquitetura e urbanismo, da história contemporânea e da sociologia política na atualização de tais conceitos e análises críticas. Nosso objetivo principal é compreender o significado e a funcionalidade do espaço de abrigo como campo de materialização das intenções de acolhimento, hospedagem e moradia na atualidade, tanto em formatos físicos quanto virtuais. Para isso, a pesquisa procura levantar conceitos, definições, exemplos referenciais e estudos de caso como parte do levantamento metodológico, a ser feito por meio de revisão bibliográfica, estudos de caso e levantamento de campo (por observação participante em Erechim e inspiração netnográfica pelas redes virtuais). Ao pensar nas formas adquiridas por diferentes concepções de habitação (isoladas, verticais, sociais e temporárias) é comum internalizarmos a essência deste dispositivo urbano e político como parte fundamental da condição humana nas cidades ocidentais. Contudo, parte dessa interpretação apenas reproduz o caráter hegemônico dado à habitação, ou ao seu significado "moradia", como desejo na obtenção da tão sonhada propriedade privada e que vai além do seu caráter de necessidade fundamental. Nos resultados parciais desta pesquisa, além de investigarmos seus conceitos e definições, também levantamos exemplos de outros tipos de moradia (permanentes e temporárias) necessárias para atender as diferentes necessidades e particularidades humanas, considerando a atual complexidade sociocultural das populações ocidentais em suas dinâmicas e experiências por diferentes cidades e meios de interação virtual. Por exemplo, no caso de moradias destinadas a imigrantes e refugiados em busca de melhores condições de vida em outros países; na necessidade de hospedagem e acolhimento para pacientes e acompanhantes de tratamentos de saúde quando buscam hospitais fora de seu domínio domiciliar; e na concepção de moradia temporária e/ou hospedagem para pessoas LGBTQIAP+ quando expulsas de suas unidades familiares pro preconceito e precisam de abrigo assistencial para manterem-se seguras da violência estrutural e cotidiana advinda de sociedades individualistas e, majoritariamente, heterocisnormativas. Portanto, com esta pesquisa esperamos fomentar a formação de pesquisadores/as ao ampliar a discussão sobre o significado da moradia, enquanto espaço de abrigo, com base em outras referências conceituais, críticas e projetuais na reflexão de caminhos para criar arquiteturas contra-hegemônicas, isto é, indo além do domínio de ideologias políticas, econômicas e tecnocráticas da atualidade.

Biografia do Autor

Marcos Sardá Vieira, UFFS - Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus Erechim

Arquiteto, urbanista e doutor em Ciências Humanas pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); professor adjunto da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS).

Marvin Davi Rojeski, Universidade Federal da Fronteira Sul

Estudante de Graduação em Arquitetura e Urbanismo;
Voluntário do projeto de pesquisa "Espaços de moradia, acolhimento e hospedagem";
Universidade Federal da Fronteira Sul, UFFS, Campus Erechim.

Almir Barbosa Reis Neto, Universidade Federal da Fronteira Sul

Estudante de Graduação em Arquitetura e Urbanismo;
Voluntário do projeto de pesquisa "Espaços de moradia, acolhimento e hospedagem";
Universidade Federal da Fronteira Sul, UFFS, Campus Erechim.

Thaiz dos Santos de Oliveira, Universidade Federal da Fronteira Sul

Estudante de Graduação em Arquitetura e Urbanismo;
Voluntário do projeto de pesquisa "Espaços de moradia, acolhimento e hospedagem";
Universidade Federal da Fronteira Sul, UFFS, Campus Erechim.

Emily Letícia Simionato, Universidade Federal da Fronteira Sul

Estudante de Graduação em Arquitetura e Urbanismo;
Voluntário do projeto de pesquisa "Espaços de moradia, acolhimento e hospedagem";
Universidade Federal da Fronteira Sul, UFFS, Campus Erechim.

Publicado
13-10-2023