Carcinoma micropapilar invasivo em glândula mamária em cadela

  • Isadora Schemmer Tormes da Rosa Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Pauline Silva dos Santos
  • Raquel Merger Artuzo
  • Fabíola Dalmolin
Palavras-chave: Neoplasia, Mamas, Metástase

Resumo

O Sudoeste do Paraná apresenta altos índices de alterações mamárias em cadelas e gatas. Isso se deve à utilização indiscriminada de pesticidas agrícolas nas extensas áreas de lavoura que compõem a região, assim como de fármacos contraceptivos e esterilização cirúrgica tardia. O carcinoma micropapilar invasivo é um tipo de neoplasia mamária de extrema malignidade e agressividade, com grande capacidade metastática e prognóstico desfavorável. O objetivo deste resumo é relatar um caso de carcinoma micropapilar invasivo em cadela atendida em um hospital veterinário universitário de uma instituição de ensino superior no Sudoeste do Paraná. A cadela, sem raça definida, 10 anos de idade, não castrada, residia próxima à lavoura e tinha histórico de aumento de volume em mamas inguinais há 30 dias e dor acentuada. O nódulo apresentava-se em placa, envolvendo M4 e M5, e encontrava-se ulcerado (7 x 4 x 1,5 cm) e havia reatividade em linfonodos poplíteos e axilares ipsilaterais. Para tratamento da inflamação e dor, foram prescritos piroxicam e dipirona e Rifocina local. A citologia apresentou-se sugestiva de neoplasia epitelial maligna. O animal foi reavaliado após 11 dias e verificou-se redução do edema local, porém ainda havia reatividade do linfonodo poplíteo esquerdo. O nódulo mamário reduziu levemente de tamanho (6,5 x 4,2 x 1 cm). Orientou-se o tutor a continuar a administração de piroxicam. O animal foi submetido a exames de radiografia torácica e ultrassonografia abdominal, nos quais verificou-se linfadenomegalia do ilíaco medial, com sugestão de infiltração neoplásica, e conteúdo uterino. Após 17 dias, o animal foi submetido à ovariohisterectomia terapêutica e mastectomia regional após administração de cefalexina há três e piroxicam há 20 dias. O nódulo reduziu o tamanho significativamente até a ocasião (4,2 x 4 x 1cm). O tratamento pós-cirúrgico foi realizado com cloridrato de tramadol, dipirona, meloxicam, cefalexina e ômega 3. À histopatologia, confirmou-se diagnóstico de carcinoma micropapilar invasivo. Passados 60 dias da remoção cirúrgica, a paciente foi reavaliada, e verificou-se recidiva na região de cicatriz cirúrgica, e nódulos em outras mamas. Em novos exames de radiografia e ultrassonografia observou-se alterações sugestivas de metástase em linfonodos esternal, ilíacos mediais, cólico caudal e gastrohepático, e nódulo em lobo hepático, também sugestivo de metástase. Optou-se pelo tratamento conservativo com piroxicam e cloridrato de tramadol e o animal entrou em óbito 41 dias após. A sobrevida da paciente vai de encontro a estudos já realizados, que demonstram que animais que apresentam nódulos superiores a cinco centímetros e metástase em linfonodos regionais apresentam menor sobrevida. A presença de nódulo metastático em fígado demonstra estadiamento ainda mais avançado da doença, diminuindo a perspectiva do tempo de vida. Segundo a literatura, cadelas com esse tipo histológico de neoplasia mamária apresentam cerca de 120 dias de sobrevida, o que coincide com o tempo de sobrevida do animal deste caso. O carcinoma micropapilar invasivo teve evolução rápida, alto índice metastático e recidiva precoce, com prognóstico bastante desfavorável e sobrevida de cerca de quatro meses após a remoção cirúrgica. 

Publicado
11-10-2023