História transnacional da educação
definindo um campo de pesquisa
Resumo
Esta reflexão é fruto das investigações desenvolvidas no âmbito do subprojeto “Guerra e paz nos livros didáticos de História: a proposta ‘por uma compreensão internacional’ da UNESCO”, no âmbito do projeto guarda-chuva “Debates transnacionais em reformas educacionais nacionais: reverberações das ações promovidas pela UNESCO e pela OCDE” – associado ao Programa de Iniciação Científica e Tecnológica (PRO-ICT) da UFFS. Almeja-se situar o campo de pesquisas da história transnacional da educação, de modo a demarcar a sua especificidade. Por meio de revisão de literatura, entende-se que é possível distinguir fronteiras entre duas zonas de investigação diferentes. A noção de uma “educação internacional” surgiu na virada do século XIX para o XX com um tom dominante de imperialismo e colonialismo. Ali, o conceito de internacionalismo educacional englobava uma missão humanitária geral, cujo cerne era a suposição de que o tipo ideal de educação tinha os mesmos princípios básicos universais em todas as nações e para toda a humanidade. Além disso, enquanto um conceito orientado para a defesa da paz e do desenvolvimento (segundo os padrões capitalistas europeus e estadunidenses), uma área de pesquisa em educação internacional surgiu, amplamente relacionada ao da educação comparada. Já em relação às abordagens históricas transnacionais, destaca-se que são mais recentes e podem ser associadas tanto à celebração de alguma forma de mistura intercultural quanto à condenação de uma agenda econômica em expansão, que atinge cruelmente as estruturas locais e nacionais e não reconhece a jurisdição nacional. Contudo, é preciso diferenciar as histórias internacional, transnacional e global. A História internacional seria geralmente utilizada no contexto da história diplomática, com foco no Estado ou outros atores institucionalizados. A História global levantaria questões referentes a um domínio supranacional: para além dos limites do Estado-nação. A história transnacional pressupõe a existência das nações e as contextualiza em um conjunto de relações de tradução, entrelaçamentos e dependências. Nesse caso, destacam-se cinco abordagens de interações entre entes nacionais: divergência, convergência, contágio, sistemas, entrelaçamento. Reivindica-se que a história da educação tem muito a ganhar com uma perspectiva que vai além das histórias nacionais, levando em consideração as interdependências entre atores, instituições e conceitos.
Copyright (c) 2023 Guilherme José Schons, Halferd Carlos Ribeiro Júnior
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