RELAÇÃO DA INSÔNIA COM DOENÇA CARDÍACA EM ADULTOS E IDOSOS USUÁRIOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

  • Leonardo Mateus Faccio Franz UFFS
  • Lucas Dalla Maria UFFS
  • Martina Bassolli UFFS
  • Caroline Andreetta UFFS
  • Marcelo Soares Fernandes UFFS
  • Ivana Loraine Lindemann UFFS
  • Gustavo Olszanski Acrani UFFS
Palavras-chave: Doenças cardiovasculares, Hipertensão, Insônia, Fatores de Risco, Atenção primária à Saúde

Resumo

Doenças cardiovasculares, como hipertensão e arritmias, são comuns na população em geral, afetando principalmente idosos, população esta que apresenta uma maior incidência de doenças crônicas, as quais estão intimamente relacionadas com a qualidade de vida e do sono. A insônia é especialmente comum em idosos e, por conseguinte, esse sintoma tem sido associado com o aumento do risco de hipertensão e outras doenças cardiovasculares. Esse trabalho tem por objetivo avaliar a prevalência de doenças cardíacas e relacionar com a presença de insônia e outras características sociodemográficas e de saúde em adultos e idosos usuários da Atenção Primária à Saúde (APS). Trata-se de um estudo transversal realizado na rede urbana de APS de Passo Fundo, RS, incluindo indivíduos com idade igual ou superior a 18 anos atendidos nas 34 unidades adscritas à rede de saúde do município. Após aprovação ética (parecer n° 3.219.633), os dados foram coletados por aplicação de questionário a esses indivíduos entre maio e agosto de 2019. As variáveis independentes foram compostas por características sociodemográficos (sexo, idade, cor da pele, escolaridade, exercício de atividade remunerada), comportamentais (uso contínuo de medicamento). A variável de exposição (insônia) foi avaliada através de um diagnóstico de sintomas de transtorno da insônia realizado através de 4 perguntas (“Nas últimas 4 semanas, você teve dificuldade em pegar no sono?”; “Nas últimas 4 semanas, você acordou de madrugada e teve dificuldade de voltar a dormir?”; “Nas últimas 4 semanas, você teve noite curta de sono por que acordou muito cedo (6 horas ou menos de sono?)”; “Nas últimas 4 semanas, você se sentiu cansado durante o dia, prejudicando suas atividades?)”, sendo positivo o diagnóstico com 2 ou mais pontos em uma mesma pergunta ou pelo menos duas afirmativas “sim”. A variável dependente (desfecho) foi a presença de doença cardíaca autorreferida, avaliada através de questionário com resposta dicotômica de “Sim” ou “Não” pelo entrevistado. Foi avaliada a frequência relativa e absoluta de todas as variáveis, assim como a prevalência do desfecho com intervalo de confiança de 95% (IC95). Ademais, foi estimada sua distribuição conforme as variáveis independentes por meio do teste do qui-quadrado (erro alfa de 5%). Foi observada na amostra de 1.442 participantes uma maioria de indivíduos do sexo feminino (71,0%), adultos (71,7%), brancos (64,5%), com ensino fundamental completo (45,5%), que não exerciam atividade remunerada (57,4%) e em uso de medicamentos contínuos (66,7%). Em um total de 52,9% dos pacientes se estabeleceu o diagnóstico de sintomas de insônia, enquanto 14% relataram doença cardíaca (IC95 13-16). A porcentagem de indivíduos com doenças cardíacas foi maior entre os indivíduos com insônia (17,9%, p<0,001), assim como em indivíduos do sexo masculino (17,5% p=0,041), em idosos (33,3%, p<0,001), que usam medicamentos contínuos (20,8%, p<0,001) e que não exercem atividade remunerada (20,2%, p<0,001). Portanto, observa-se a existência de uma relação entre insônia e problemas cardíacos, conforme já sugerido em estudos anteriores, sendo importante ressaltar a busca de medidas preventivas para ambas as condições, visto que estes fatores estão associados ao desenvolvimento de outras comorbidades e, consequentemente, expectativa de vida menores.

Publicado
31-10-2023