Nas asas do anjo
Laboratório de História Pública da UFFS
Resumo
O Laboratório de História Pública da UFFS (LAHIPU), associado ao curso de História da UFFS – Campus Erechim, tem como objetivo criar formas de expandir os debates conduzidos no interior da universidade, alcançando públicos mais amplos, não especializados e interessados no passado. Por meio de projetos identificados com o nome “Anjo da História” (recordando a nona tese sobre o conceito de história de Walter Benjamin), foram criados canal no YouTube, podcast no Spotify, site e perfis nas principais redes sociais com a pretensão de promover e divulgar questões em torno de temas sensíveis na sociedade e que convocam historiadores para um exame especializado e com linguagem mais acessível. Diante do entendimento de que os historiadores profissionais não possuem mais o monopólio sobre as narrativas do passado e a internet foi transformada em uma segunda esfera coletiva, bem como à vista da falta de mediação do conhecimento nesse espaço, a ação foi colocada em prática e teve como impactos a formação de historiadores com ênfase em divulgação científica, a qualificação dos diálogos em torno dos passados e a produção de amplo arquivo audiovisual sobre os assuntos abordados. Entende-se que o Anjo da História contou com duas temporadas, quais sejam, uma engendrada na disciplina “Introdução aos estudos históricos” do curso de História e outra já como projeto de extensão. Mais de vinte vídeos e podcasts estão em acesso livre à comunidade, contemplando temas como: agroecologia e feminismo, colonização, educação e ensino, teoria da História, história da historiografia, ditadura, sentidos de ensinar e pesquisar história hoje, negacionismo, usos e abusos dos corpos femininos, nacionalismo e história social do futebol, historiografia feminista e antirracista, Argentina oitocentista, gênero e judiciário na construção dos sujeitos, as temporalidades do Antropoceno, a BNCC de História, a vida política dos animais outros que humanos e um olhar racializado para a crise do cânone de intérpretes do Brasil – esse último, inclusive, contando com aula aberta presencial transmitida. Além das numerosas horas de diálogos disponíveis na internet, a proposta ganhou repercussão nas mídias em que está inserida e proporcionou a formação de uma rede de debates dentro da comunidade historiográfica. Ao se contrapor ao negacionismo e à manipulação em prol da ampliação dos públicos da História, sem que qualquer discussão fique restrita à academia, a equipe que desenvolveu a iniciativa – e que agora está ancorada no programa guarda-chuva do LAHIPU – se movimenta para que o “inimigo” definido por Benjamin cesse de vencer.
Copyright (c) 2023 Guilherme José Schons, Allan Kardec da Silva Pereira, Anderson Dal Prá Dal Vesco, Bruna Feiden, Eduarda Dumke Ribas, Felipe Belleti Alexandre, Gerson Luis Egas Severo, Hagatta Joana Lengowski da Silva, Lucas Nardi Baierle, Raila Iohane Deffaci, Yngrid Dominique Coêlho de Brito
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Submeto o trabalho apresentado como texto original à Comissão Editorial do XII SEPE e concordo que os direitos autorais, a ele referente, se torne propriedade do Anais da XII SEPE da UFFS.