Hipotireoidismo em cão geriátrico da raça Golden Retriever: Relato de caso

  • Eduarda Dalmolin dos Santos Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Mayara Freire da Silva
  • Luísa Pereira Zacchi
  • Paulo Henrique Braz
  • Stéfani Melo Baraldi
Palavras-chave: Gerontologia, Levotiroxina, Endocrinopatias

Resumo

O hipotireoidismo é uma endocrinopatia comum em cães, caracterizada pela produção e secreção insuficientes de hormônios da tireoide. Pode ser primário, quando resulta de alterações na tireoide, ou secundário, quando ocorre pela pela secreção inadequada de hormônio tireotrófico (TSH). Os principais sinais clínicos são o ganho de peso, letargia, sonolência, intolerância ao frio e ao exercício, bradicardia, alopecia bilateral não pruriginosa, alopecia na cauda, hiperqueratose, hiperpigmentação e mixedema na face. Os principais achados laboratoriais são a hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia e pode ser observado aumento da ALT, AST, GGT e FA. O diagnóstico é baseado nos sinais clínicos e em testes de função da tireoide, através da mensuração de tiroxina (T4), T4 livre e TSH. O objetivo deste trabalho é apresentar e discutir o diagnóstico de hipotiroidismo em cão fêmea, da raça Golden Retriever, com 11 anos de idade. O animal chegou a Superintendência Unidade Hospitalar Veterinária Universitária da Universidade Federal da Fronteira Sul - Campus Realeza com queixa principal de perda progressiva de peso e não crescimento dos pelos após tosa, além de anorexia, apatia e episódios de vômito. Na anamnese, não foram relatados tratamentos atuais ou anteriores. No exame físico, as alterações apresentadas pelo animal foram taquipneia, mucosas levemente hipocoradas, linfonodos mandibulares e poplíteos reativos e alterações tegumentares, como pele avermelhada e manchas locais escurecidas pelo corpo. Foram coletadas amostras sanguíneas para dosagem de T4 livre, TSH e cálcio. Foi solicitado retorno do animal para teste de supressão com baixa dose de dexametasona, realizado com o animal em jejum de 12 horas, com três coletas sanguíneas (coleta basal, antes de aplicar dexametasona, 4 horas após aplicação de 0,015 mg/kg de dexametasona por via intravenosa e após 8 horas da aplicação). Todas as amostras foram encaminhadas para laboratório. Após obter o resultado dos exames, o diagnóstico definitivo foi hipotireoidismo, com a concentração sérica de T4 abaixo dos valores de referência (0,5 ng/dL; referência: 1,3 a 3,0 ng/dL), enquanto os demais exames estavam dentro dos valores esperados. O animal foi encaminhado para realização de ultrassonografia com o objetivo de definir se a causa é disfunção inflamatória ou degenerativa na glândula tireoide. Diante disso, o tratamento foi baseado na administração de um comprimido por dia de levotiroxina sódica (50 mcg) em jejum. Foi solicitado o retorno do animal em 60 dias para nova coleta de exames e regulação da dose, caso necessário. O hipotireoidismo é uma das enfermidades mais comuns em cães, no entanto, pode se manifestar de diferentes formas, muitas vezes não apresentando os sinais comuns da doença. A terapia de escolha, realizada com hormônio tireoidiano sintético (levotiroxina sódica) possui o objetivo de realizar o controle dos sinais clínicos, desempenhando a função fisiológica do hormônio T4, mas sem causar tireotoxicose, conhecida também como hipertireoidismo. Cães de meia idade e de raças
puras como Golden Retriever, Doberman, Dálmata, Cocker Spaniel entre outras, são mais predispostos a desenvolver essa doença.

Publicado
11-10-2023