ANESTESIA EM TORACOTOMIA EXPLORATÓRIA COM PERICARDIECTOMIA SUBTOTAL EM FELINO: RELATO DE CASO

  • MARCIO OLESZCZYSZYN UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL - UFFS
  • MARINA MARANGONI
  • POLLYANA FREISLEBEN
  • CARLA EDUARDA DOS SANTOS FERREIRA
  • THAIS TEIXEIRA DE SOUZA
  • ANA LUIZA CASTANHO
  • GENTIL FERREIRA GONÇALVES
Palavras-chave: Quilotórax, Locorregional, Anestesiologia, Veterinária, Cardiopata

Resumo

A ocorrência de quilotórax, possuí expressiva e considerável frequência em felinos, esse quadro pode ser desencadeado e/ou manifestado por diversos processos, dentre eles: Causas traumáticas, alteração da estruturação celular dos tecidos (neoplasias), causas infecciosas e fatores congênitos. Este relato de caso busca descrever o atendimento e eleição de protocolo anestésico para um paciente felino, fêmea, de raça Siamês, pesando 5,45 kg e com 6 anos, atendido na Superintendência Unidade Hospitalar Veterinária Universitária (SUHVU) da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) campus Realeza. Seu atendimento se deu por alterações respiratórias (tosse e taquipneia) e circulatórias (fadiga e intolerância ao exercício), relatadas pela tutora durante a anamnese, sendo relatado também o diagnóstico de uma doença cardíaca. Ao exame físico foi identificado aumento de frequência respiratória (FR): 64 mpm, presença de sibilo e hipofonese em região torácica durante ausculta pulmonar, presença de sopro em foco de ausculta cardíaca, foram solicitados exames complementares por imagem (radiografia de tórax), exame bioquímico (ureia, creatinina, albumina, proteínas totais, fosfatase alcalina, albumina, alanina aminotransferase, colesterol total e triglicerídeos totais), exame citológico (líquido de efusão torácica quilosa) e análise de líquidos cavitários (fluido pleural) para auxilio de diagnóstico. O resultado dos exames sugeriu quadro de quilotórax, sendo determinada a necessidade de intervenção cirúrgica, elegendo a técnica de toracotomia exploratória. Oriundo da complexidade e risco anestésico foi eleito um protocolo anestésico constituído por medicação pré-anestésica (MPA) contendo opioide metadona (0,3 mg/kg) e da associação comercial de tiletamina e zolazepam Zoletil® (3 mg/kg), administrada por via intramuscular. Após efeito da MPA foi realizada a canulação da veia cefálica e a realização da indução anestésica com Propofol (4 mg/kg), foi realizada a intubação traqueal e iniciada a administração do agente inalatório volátil para manutenção anestésica o fármaco isoflurano, diluído em oxigênio 100%, administrados por aparelho de anestesia inalatória com vaporizador calibrado e com uma concentração alveolar mínima com variação relativa ao requerimento (1 a 2,4%), para redução do requerimento anestésico, foi realizada a técnica de bloqueio locorregional com abordagem intercostal guiado por ultrassom, injetando a associação de anestésicos locais lidocaína (0,1 ml/kg) e bupivacaína (0,3 ml/kg). O paciente permaneceu com parâmetros de frequência cardíaca (FC), FR, saturação de oxigênio (SpO²) e pressão arterial sistólica (PAS) dentro dos valores da espécie, já a temperatura retal (TR) excedeu o limite inferior, fator esse atribuído a exposição da cavidade torácica. Durante o procedimento cirúrgico avaliou-se a necessidade da realização de pericardiectomia subtotal, medida pouco relatada em felinos e com grau de risco significativo, entre tanto, a intervenção obteve um desfecho satisfatório, com retorno do paciente ao tutor e notório aumento da qualidade de vida com a remissão dos sinais anteriormente demonstrados pelo paciente. Devido aos riscos cirúrgicos e anestésicos, redução de capacidade respiratória e cardiopatia, a eleição de um protocolo anestésico adequado foi de extrema importância para o sucesso do procedimento, o emprego da técnica locorregional necessitou perícia e agregou em qualidade e segurança anestésica ao paciente.

Publicado
25-10-2023