FLAPE BILATERAL INGUINOCRURAL EM FÊMEA CANINA APÓS MASTECTOMIA REGIONAL BILATERAL

RELATO DE CASO

  • Luísa Pereira Zacchi Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Pauline Silva dos Santos Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Mara Tatiani Bossi
  • Fabíola Dalmolin
Palavras-chave: Oncologia; cirurgia reconstrutiva; retalho inguinal.

Resumo

O tratamento cirúrgico é o método mais eficaz de tratamento de neoplasmas mamários caninos, porém a ressecção geralmente requer amplas excisões com margem de segurança, e quando o fechamento primário não é viável devido ao aumento da tensão tecidual, se faz necessário o uso de flapes cutâneos. O objetivo deste trabalho é descrever a técnica de retalho bilateral inguinocrural em uma fêmea canina de 15 anos. O animal tinha recidiva de tumor de mama ulcerado na cadeia esquerda há dois anos e nódulo em M5 direita; havia gestado duas vezes, teve exposição a agrotóxicos e recebeu progestágenos uma vez. Ao exame citológico verificou-se tratar de neoplasia epitelial maligna, sem metástases ao exame radiográfico torácico e ultrassonográfico abdominal. Foi prescrito piroxicam (0,3 mg/kg/48-48h) e dipirona (20 mg/kg/TID/ 3 dias), e posteriormente gabapentina (5 mg/kg/SID). Após exames hematológicos de rotina, que estavam dentro da normalidade, o animal foi encaminhado para cirurgia, sendo iniciada cefalexina (30 mg/kg/BID/15 dias) três dias antes. Após incisão elíptica ao redor de M4 e M5 direita e esquerda com bisturi, realizou-se hemostasia da artéria e veia epigástrica caudal com cautério bipolar e seguiu-se confecção de retalho inguinocrural bilateral, sem ultrapassar a patela. A síntese do leito doador iniciou com sutura de redução de tensão e poliglactina 910 3-0, seguida de redução do espaço morto com o mesmo fio e dermorrafia intradérmica com náilon 4-0. O flape foi rotacionado e suturado com pontos isolados e poliglactina 910 3-0, seguida de sutura contínua com poliglactina e dermorrafia isolada simples com náilon 4-0. O restante da ferida na região cranial foi suturado conforme descrito no leito doador. Após 10 dias a ferida estava cicatrizada e sem áreas de necrose, sendo as suturas removidas. O histopatológico revelou carcinoma micropapilar com êmbolos neoplásicos em vasos linfáticos. Os flapes inguinocrurais possibilitam o fechamento de grandes ressecções em regiões inguinais e adjacentes, e envolvem a transferência de tecido vascularizado de uma área doadora para a área receptora, sendo uma técnica vantajosa pela capacidade de fornecer vascularização estável. Neste caso, a escolha foi fundamentada pela natureza versátil e confiável da abordagem. A utilização de tecido local minimiza a tensão, melhora a cicatrização e a funcionalidade da região afetada, como verificado. Apesar disso, foi relatada leve dificuldade de locomoção do animal nos três primeiros dias de pós-operatório, que evoluiu positivamente sem intervenções. Nesta técnica deve-se minimizar o dano ao suprimento vascular do tecido, a fim de evitar necrose pós-operatória, obtido neste caso pela manipulação indireta dos flapes com fio de náilon. Salienta-se que a avaliação cuidadosa das condições clínicas anteriores à cirurgia e o manejo pós-operatório são igualmente importantes para o sucesso da cirurgia. A utilização desta técnica é uma abordagem valiosa em feridas inguinais complexas e extensas, que garante a recuperação e o bem-estar dos pacientes.

Publicado
11-10-2023