PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES COM HIV/AIDS EM PASSO FUNDO, RS: DINAMISMO E SINGULARIDADE DAS NOTIFICAÇÕES COMPULSÓRIAS

  • Vanessa Oliveira Silva UFFS
  • Renata dos Santos Rabello Bernardo
  • Ivana Loraine Lindemann
Palavras-chave: HIV; AIDS; Epidemiologia; Diagnóstico; Saúde pública

Resumo

A síndrome da imunodeficiência adquirida, conhecida como AIDS, tornou-se um marco na história da humanidade. Em torno de 40,1 milhões de pessoas morreram por doenças relacionadas à AIDS desde o início da epidemia, em 1981. A pandemia da infecção por HIV é um fenômeno mundial complexo, que se alterna de maneira rápida e instável, atua de modo singular a depender da região que atinge e tem como determinantes fundamentais o comportamento humano individual e coletivo. O Brasil foi considerado referência mundial em 1986 pela criação do Programa Nacional (PN) de doenças sexualmente transmissíveis (DST) e AIDS (PN-DST/AIDS), responsável pela resposta rápida e eficiente no controle da doença e pela redução significativa dos casos nos últimos
anos. Contudo, o Rio Grande do Sul (RS) apresenta índices elevados se comparados aos parâmetros nacionais. Segundo dados do Boletim Epidemiológico de HIV/AIDS de 2022, o estado foi o quinto com maiores taxas de infecção - 24,3 casos/100 mil habitantes e, com relação à mortalidade por unidade federativa, obteve coeficiente padronizado superior ao nacional, notificando 7,7 óbitos/100 mil habitantes. Diante disso, este estudo buscou descrever o perfil epidemiológico dos casos notificados, no período de 2012 a 2022, no município de Passo Fundo, RS. Para isso, realizou-se um estudo ecológico, do tipo série temporal, através de pesquisa na fonte de dados secundários oriunda do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) onde são sistematizadas as informações sobre as notificações compulsórias. Foram coletados dados referentes ao gênero, idade e cor da pele. Em um total de 979 casos, observou-se predominância do sexo masculino (53,7%), idade de 30 a 49 anos (49,4%) e cor autodeclarada branca (78,3%). Entretanto, observou-se aumento do número de mulheres infectadas pelo HIV (de 46% em 2012 para 53,4% em 2022) e um acréscimo de casos entre a população acima de 60 anos, indo de 2 casos em 2012 para 12 em 2022, revelando um aumento de 500%. Ainda, foi evidenciado declínio na notificação de casos durante o período da pandemia de Coronavirus Disease (COVID-19), possível responsável por diminuir pela metade o número de notificações em 2020, de 94 casos em 2019 para 47 casos em 2020, evento que traz impactos no momento atual, devido ao diagnóstico tardio e suas possíveis consequências no estado imunológico desses indivíduos. Com isso, diante de um cenário de constantes mudanças, os programas de combate ao HIV se mostram dependentes da vigilância constante e atualização frequente de dados epidemiológicos para melhor estruturação e direcionamento das políticas públicas de prevenção ao HIV.

Publicado
31-10-2023