NARRATIVAS SOBRE OS POVOS INDÍGENAS NOS JORNAIS DE SANTA CATARINA DE 1983 ATÉ 1986

  • Waleska Maria Facini UFFS
Palavras-chave: Indígenas; Mídia; Kaingang; Jornais.

Resumo

Nesta pesquisa abordaremos a questão indígena nos jornais de Santa Catarina, com uma abordagem metodológica de cunho qualitativo. Através das páginas dos noticiários dos jornais do estado analisaremos as matérias que evidenciam a construção do ideário e dos esteriótipos que se propagaram sobre os povos indígenas, especialmente da região oeste, em um dado período histórico, de 1983 a 1986. Os materiais de análises utilizados são jornais provenientes de arquivos do Centro de Memória do Oeste de Santa Catarina CEOM e da Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. A coleta dos dados ocorreu com a utilização de palavras-chave, que serviram como guias para melhores resultados. A escolha do recorte desta data é motivada por corresponder ao período em que prepondera a reivindicação dos Kaingang do Toldo Chimbangue, da cidade de Chapecó pela demarcação do seu território. O trabalho em questão não se trata de uma análise de discurso, mas sobretudo de análises antropológicas e sociológicas, na tentativa de entender como as representações são feitas sobre os coletivos indígenas. O papel e importância da mídia na construção de tais representações torna-se um dos pilares desta pesquisa, visto que ela é um instrumento de grande relevância na caracterização de ambientes sociais, e dos próprios atores sociais. No decorrer do estudo apresenta-se as mazelas do colonialismo na sociedade brasileira. Evidenciaremos como ocorreu o processo colonial da região com as principais frentes de expansão que atuaram na expropriação dos territórios indígenas. A pesquisa tem seu prisma fixado em torno das notícias envolvendo os conflitos ocasionados no processo de retomada do Território Kaingang do Toldo Chimbangue em Chapecó. Os envolvidos nesta disputa, são os indígenas, como protagonistas dessa luta, em contraposição aos moradores que adquiriram suas terras, na década de 1940, da empresa colonizadora Luce Rosa e Cia Ltda. Compreende-se até o momento que a pauta dos povos originários não fazia parte da agenda prioritária dos legisladores e governantes, e tratando-se da cidade de Chapecó, observa-se uma tentativa de negação da presença indígena na sociedade. Os jornais consultados apresentam os povos indígenas de modo genérico, sem considerar suas etnias e especificidades culturais, ademais, em muitas ocasiões são tratados de forma etnocêntrica.

Publicado
13-10-2023