INDICADORES CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS DE ATENDIMENTOS POR CAUSAS EXTERNAS EM UNIDADE DE EMERGÊNCIA DE UM HOSPITAL TERCIÁRIO

  • Jordanna Santos de França UFFS-PF
  • Shana Ginar da Silva
  • Athany Gutierres
Palavras-chave: Causas externas, Traumas, Emergência, Perfil epidemiológico, Internação hospitalar

Resumo

Atualmente, as causas externas representam um significativo problema de saúde pública, visto que, estas, em sua grande maioria, são advindas do trauma, que consiste em uma lesão de origem multicausal. As principais vítimas acometidas são indivíduos jovens, economicamente ativos e do sexo masculino, e com alto potencial de internação hospitalar. Desta forma, este estudo teve como objetivo analisar o perfil clínico e epidemiológico das internações por causas externas, a fim de investigar as principais causas e caracterizar os tipos mais frequentes de traumas e a relação com a letalidade intra-hospitalar, em uma unidade de emergência de um hospital terciário. Trata-se de um estudo epidemiológico, de coorte retrospectiva de abordagem metodológica quantitativa, aprovado no Comitê de ética em Pesquisa da Universidade Federal da Fronteira Sul sob o número 5.656.635. Os dados foram coletados por meio de prontuários eletrônicos dos anos de 2011 a 2021, concedidos pelo Hospital de Clínicas de Passo Fundo, RS. Para análise dos dados, utilizou estatística descritiva e analítica no Programa PSPP (distribuição livre). Na descrição da amostra e das informações de interesse, variáveis categóricas foram descritas como proporções. A relação entre o tipo de trauma e a letalidade intra-hospitalar dos pacientes foi analisada pelo teste qui-quadrado de heterogeneidade, adotando-se um nível de significância de p<0,05. Em um período de 10 anos, obteve-se um total de 203 pronuários analisados. Identificou-se que os acidentes de trânsito (40,4%) e as quedas (26,6%) são as principais causas externas que geram internações, principalmente em homens (74,9%), de 18 a 29 anos (26,6%), brancos (91,5%), com baixo nível de escolaridade (60,5%) e profissões que não demandam alto grau de formação; previamente hígidos, visto que a maioria não possuía histórico de comorbidades (64,0%). Entre os prontuários analisados, verificou-se grande número de fumantes e ex-fumantes (56,4%) e etilistas e ex-etilistas (49,2%). Os traumas ortopédicos e cranioencefálicos (TCE) foram os mais prevalentes, 33,5% e 26,6% respectivamente, ainda, com maior probabilidade de letalidade, o TCE (25,9% e p=0,017) e politraumas (29,0% e p=0,028). O resultado do estudo demosntra que indivíduos mais jovens e economicamente ativos são os mais acometidos pelas causas externas, tornando-se necessário minimizar a incidência dessa problemática por meio de de ações de saúde e melhorias infraestruturais, com foco na prevenção, pois um sistema de atendimento ao trauma integrado e eficiente, por si só, não é suficiente para erradicar este importante problema de saúde pública.

Publicado
31-10-2023