HIP-ROÇA

(RE)CONSTRUÇÃO DO MOVIMENTO HIP-HOP A PARTIR DA MANIFESTAÇÃO E DAS IDENTIDADES DOS JOVENS EM LARANJEIRAS DO SUL.

  • Ana Eduarda Matos UFFS
  • Kauane Andreiov Soares Antunes Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Fernanda Marcon Universidade Federal da Fronteira Sul
Palavras-chave: (Re)construção. Movimento Hip-Hop. Identidades. Interior. Juventudes.

Resumo

Este trabalho busca discutir brevemente sobre a (re)construção do movimento hip-hop a partir das identidades dos jovens que participam do mesmo no interior, em análise a cidade de Laranjeiras do Sul - PR, uma cidade que se localiza na região centro-oeste do estado. Através da metodologia exploratória, busca-se pesquisar sobre o contexto em que surge o movimento hip-hop, desde sua criação a partir da diáspora africana nos Estados Unidos, sua popularização em outros países, até sua chegada ao Brasil. Deste modo, evidenciando o surgimento do movimento no interior e a percepção que se tem da identidade cultural presente em grupos majoritariamente periféricos, que se identificam com o hip-hop. Abordando desse modo, a (re)construção desse movimento e a invisibilidade dada aos mesmos pelo contexto territorial. Assim, sugere-se que o hip-hop é um movimento de contestação social: que resgata trajetórias, fortalece a construção identitária e incentiva a participação social dos sujeitos nele envolvidos. A partir daí se investiga como se constituem as identidades de jovens laranjeirenses inseridos no movimento hip-hop. O interesse em estudar a temática surge da observação do movimento do hip-hop em Laranjeiras do Sul - PR e dos estereótipos reproduzidos sobre seus participantes enquanto representação cultural. O que se espera dos sujeitos do hip-hop numa cidade do interior? Qual é o estigma carregado pelos que não cumprem o “ideal desejado” nestes contextos? Foram algumas das questões de partida. Sugerimos que o movimento hip-hop seja encontrado em locus pequenos do interior por um fator comum, sendo ele, a classe social, em outras palavras, a construção de identidades na periferia, o acolhimento e a representatividade. Propõe-se discutir alguns aspectos identitários presentes no hip-hop, considerando algumas referências teóricas que permeiam a concepção de identidade de Stuart Hall. Acerca de discussões enquanto representações e significações dos sujeitos na realidade, bem como, a resistência que permeia o contexto territorial, tendo continuidade mesmo que de forma modificada. Sobretudo, ressalta-se o ocultamento do movimento no interior, por não corresponder ao padrão já esperado da manifestação cultural em comparação com cidades maiores e até mesmo seu país de origem; pensando em eventos de dança e música, modos de vestir, modos de falar, entre outros aspectos que distinguem o interior de grandes centros. Do mesmo modo, pensar nas semelhanças que cercam a identificação dos jovens com os movimentos, bem como, a importância do acesso e da visibilidade que as classes subalternas encontram nesses coletivos. Essa reflexão visa discutir a identidade cultural atrelada à transformação, ligada à movimentação e a construção desses sujeitos, sendo o resultado das reconstruções da diáspora em novos territórios que outrora se encontram fragmentados. Nesse sentido, o movimento do hip-hop, embora não se encontre com os mesmos aspectos de seu local de origem, se coloca em evidência e se sustenta como movimento, resistindo e se modificando através do seu contexto. Os sujeitos da periferia também estão transformando e movimentando as culturas que chegam até eles.

 

Publicado
10-10-2023