Ovariohisterectomia videoassistida com dois portais em uma cadela: relato de caso.

  • Vitor Ângelo Musial
  • Pauline Silva dos Santos
  • Fabíola Dalmolin
  • Keli Cristina Coberllini Oltramari
  • Matheus Campos Alves
Palavras-chave: Esterilização, cão, videocirurgia

Resumo

A OVH videoassistida é o procedimento minimamente invasivo de esterilização em fêmeas com vantagens de menor dor e rápida recuperação pós-operatória. Tem-se o  objetivo de relatar um procedimento de ováriohisterectomia videoassistida por dois portais em uma fêmea canina hígida, sem idade e raça definida de 10,7 kg. Ao  exame físico e laboratoriais, constatou-se que o animal não apresentava alterações clínicas, sendo  encaminhado para OVH videoassistida. Após, para a medicação pré-anestésica utilizou-se dexmedetomidina (4 mg/kg), cetamina (2 mg/kg) e petidina (4 mg/kg) por via intramuscular. A indução anestésica foi estabelecida pelo uso de propofol (4 mg/kg), midazolam (0,2 mg/kg) e lidocaína spray para intubação traqueal, seguida de anestesia inalatória com isoflurano. Com relação à técnica cirúrgica, após a fixação dos campos cirúrgicos, com o animal posicionado em decúbito dorsal, efetuou-se uma incisão de um centímetro na região umbilical para a introdução de um portal de 10 mm, por meio da técnica Hasson modificada, seguida da instituição do pneumoperitônio com CO2  medicinal na pressão de 12 mmHg. Em seguida, visibilizou-se a cavidade peritoneal por intermédio do endoscópio rígido de 0° e 10 mm. O segundo portal, de mesma dimensão, foi introduzido na região pré-púbica por meio de técnica assistida. Alternou-se o decúbito do animal para lateral direito, de maneira a possibilitar a visibilização do corno uterino do mesmo lado, o qual foi suspenso por uma pinça atraumática e mantido assim por dois fios de polipropileno 2-0, com agulha de 7,5 cm, fixados de maneira transparietal. Foi realizada a cauterização do pedículo ovariano com pinça elétrica bipolar de cinco milímetros utilizando-se redutor. A secção foi realizada com uma tesoura laparoscópica de três milímetros. Imediatamente, modificou-se o decúbito do animal para lateral esquerdo oblíquo, realizando-se os mesmos procedimentos anteriormente descritos para a cauterização e secção do pedículo ovariano esquerdo. Após a apreensão do ovário com pinça atraumática de três milímetros, este foi exteriorizado  simultaneamente à remoção do segundo portal. Desta maneira, exteriormente, foi realizada a cauterização do corpo do útero, o qual foi seccionado e  reposicionado na cavidade. A fáscia muscular e a dermorrafia foram executadas por sutura de padrão cruzado simples, utilizando-se poliglactina 910 3-0 e náilon  2-0, respectivamente. A OVH laparoscópica, em contraposição às técnicas convencionais, permite melhora no bem-estar animal por desencadear menor trauma tecidual e menor dor após o procedimento. A castração evita o desenvolvimento de neoplasmas  e alterações infecciosas no trato reprodutivo das fêmeas, além de auxiliar no controle da população de cães. Verificou-se que a paciente recuperou-se rapidamente no pós-operatório, recebendo alta hospitalar em poucas horas de recuperação. Na reavaliação pós-operatória, verificou-se a cicatrização cutânea, sendo as suturas de pele removidas. Portanto, evidencia-se que o emprego da ováriohisterectomia videoassistida em uma cadela permitiu a esterilização da mesma, mediante uso de uma técnica que promove menor dor e trauma tecidual, enfatizando o bem-estar dos pacientes.

Publicado
12-10-2023