A IMPORTÂNCIA DAS VISITAS DOMICILIARES NA ACESSIBILIDADE À SAÚDE, NA FORMAÇÃO MÉDICA DO NORTE GAÚCHO, INTEGRAÇÃO CULTURAL E RESPEITO À DIVERSIDADE ATRAVÉS DO AMBULATÓRIO INDÍGENA
Resumo
No estado do Rio Grande do Sul, habitam mais de 30.000 indígenas, segundo o Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de 2022. Esse aumento populacional deve ser aliado com melhorias na qualidade de vida e acessibilidade aos direitos básicos. A acessibilidade aos serviços de saúde é, de longa data, um desafio que instiga ações em prol da garantia desse direito. O presente estudo, de caráter descritivo, do tipo relato de experiência, tem como objetivo descrever ações extensionistas realizadas pela equipe do Programa de Saúde Indígena. Nesse contexto, o Ambulatório Indígena Pe Elli Benincá, localizado na Região Norte gaúcha, funciona em parceria da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Hospital São vicente de Paulo (HSVP), SESAI e da 6ª e 15ª Coordenadoria Regional de Saúde. Os atendimentos são realizados por acadêmicos do curso de Medicina, sob supervisão de médica docente, especialista em Medicina de Família e Comunidade. Para além dos atendimentos ambulatoriais, as atividades se estendem para dentro das comunidades, com visitas domiciliares. A população indígena possui sua singularidade cultural, sua forma de entender e refletir sobre o binômio saúde e doença. E por meio das visitas domiciliares que se torna possível a devida aproximação com os aspectos culturais envolvidos e, a partir dessas vivências, nos fornecem meios para que as ações em saúde possam ser pautadas no respeito. O ambulatório oferece assistência em pelo menos uma visita mensal aos locais devidamente autorizados. Nessas visitas, casos específicos de pacientes avaliados na comunidade são encaminhados para o ambulatório e deste para a devida especialidade. É notório que a dificuldade de acesso à saúde imposta à população indígena perpassa questões próprias de acessibilidade, como distância ao ambulatório ou a falta de vagas na rede, mas também se fundamenta no medo imposto pelo preconceito sobre sua etnia, forma de se vestir e sua língua. O ambulatório permite que os acadêmicos envolvidos no projeto possam compreender diferentes realidades e possam compreender que ao exercer a Medicina é necessário muito além de conhecimentos teóricos e práticos. Com a escassez de profissionais de saúde, precisamos formar médicos capazes de atuar em locais específicos, que possam respeitar a diversidade cultural dos povos indígenas e, assim, possam ser agentes na transformação de um País em igualdade de direitos.
Copyright (c) 2023 Thiago Emanuel Rodrigues Novaes, Joel Silva da Rosa, Leandro Tuzzin, Daniela Teixeira Borges
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