PREVALÊNCIA DA ADESÃO AO TRATAMENTO PREVENTIVO PARA A COVID-19

  • Tais Felipe da Silva Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Patrícia Lavandoski
  • Ivana Loraine Lindemann
  • Gustavo Olzanski Acrani
Palavras-chave: COVID-19, Perfil Epidemiológico, Tratamento Farmacológico de COVID-19, Coronavírus-19

Resumo

A COVID-19 é uma doença responsável pela pandemia vivenciada nos últimos anos,
que engloba desde infecção assintomática e quadros leves do trato respiratório superior
à pneumonia viral grave, podendo evoluir para óbito. Assim, observou-se maior busca
por medidas preventivas, como a prática de automedicação com medicamentos sem
eficácia comprovada, com a finalidade de se prevenir antes mesmo de ter tido algum
diagnóstico, de modo a não ter o quadro agravado. Assim, esse estudo objetiva estimar a
prevalência de adesão ao tratamento preventivo para COVID-19 e verificar sua
distribuição conforme variáveis socioeconômicas, hábitos de vida e de saúde. Trata-se
de um estudo transversal aprovado pelo Comitê de Ética (parecer 4.847.635), realizado
com indivíduos de ambos os sexos, com idade ≥ 18 anos. A coleta de dados foi
realizada através de formulário eletrônico disponibilizado entre os dias 17/07/2021 e
30/09/2021, com convite disponibilizado nas redes sociais Facebook, Instagram e
WhatsApp, juntamente com o link de direcionamento ao Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido e ao questionário em formato on-line. A variável de desfecho analisada foi
a adesão ao tratamento preventivo para COVID-19, aferida através da pergunta “Usou
medicamentos para tratamento preventivo de COVID-19?”, sendo considerado com
desfecho aqueles que responderam de modo afirmativo. Como variáveis independentes
foram analisadas sexo, idade, escolaridade, raça, tabagismo, etilismo, hipertensão,
diabetes, doença renal, asma, câncer, doença do coração, outra morbidade,
autopercepção de saúde, grupo de risco, uso das vacinas. As respostas dos participantes
foram extraídas em planilha eletrônica e convertidas para formato compatível com
software para análise de dados (PSPP - distribuição livre). A análise estatística
compreendeu a distribuição absoluta e relativa das frequências das variáveis
independentes, o cálculo da prevalência do desfecho com intervalo de confiança de 95%
(IC95) e verificação de sua distribuição de acordo com as variáveis preditoras (teste de
Qui-quadrado; erro α de 5%). A amostra, composta por 683 participantes, apresentou
um predomínio do sexo feminino (66%), idade adulta (90,2%), raça branca (83,7%) e
que trabalham (78,8%). Um total de 5,9% declarou-se tabagista, 72% fazem uso de
bebida alcoólica, 16,7% tem hipertensão arterial sistêmica, 4,5% diabetes, 2,8% doença
renal, 11,7% asma, 2,9% câncer e 5% doença cardíaca. Um total de 90,5% apresenta
autopercepção de saúde como boa/excelente, 67,5% tem muito medo de se contaminar,
52,9% autoavalia-se com baixo risco de contaminação e 53% tomaram a primeira dose
da vacina. A prevalência da adesão ao tratamento preventivo para COVID-19 foi de
23% (IC95; 20-27), sendo que 43,62% destes automedicaram-se, 87,91% usando
ivermectina, seguido por vitamina D (85,90%), vitamina C (79,86%), cloroquina
(30,20%), azitromicina (29,53%) e nitazoxanida (11,40%). O uso do tratamento
preventivo foi mais frequente entre idosos (49,2%, p<0,001), hipertensos (42,7%,
p<0,001), pertencentes ao grupo de risco (31,2%, p<0,005) e com pouco medo de se
contaminar com (29,8%, p<0,001). Tais grupos tendem a ser mais vulneráveis,
culminando na maior adesão às medidas protetivas, por compreenderem seu risco de
contaminação. Portanto, políticas públicas de conscientização populacional são
fundamentais, pois o uso de medicação sem comprovação cientifica pode trazer doenças
iatrogênicas.

Publicado
31-10-2023