ANESTESIA PARA OSTEOSSÍNTESE EM ANU-PRETO (Crotophaga ani): RELATO DE CASO

  • Marina Marangoni UFFS
  • Ana Luiza Castanho
  • Pollyana Freisleben
  • Carla Eduarda Dos Santos Ferreira
  • Marcio Oleszczyszyn
  • Thais Teixeira de Souza
  • Gentil Ferreira Gonçalves
Palavras-chave: pets não convencionais, aves, anestésicos, silvestres, hipoglicemia.

Resumo

A intensa pressão antrópica exercida nas aves silvestres aumentou a demanda por atendimento médico veterinário, incluindo anestesia e cirurgia. Os sistemas circulatório e respiratório em aves são distintos dos mamíferos, ocasionando temperaturas corporais mais elevadas e metabolismo mais rápido, o que implica em riscos adicionais durante a anestesia desses animais. Foi apresentado para atendimento um anu-preto (Crotophaga ani), de 70 gramas, advindo de resgate ambiental, apresentando queixa de não apoiar o membro pélvico esquerdo, porém sem demais alterações. Foi realizada solicitação de exame radiográfico, no qual foi observada presença de solução de continuidade óssea, simples, fechada,  espiral, desviada caudoventrolateralmente, não aposicionada em terço médio de diáfise de osso tíbiotarso esquerdo. No mesmo dia o animal foi encaminhado para realização de cirurgia de osteossíntese de tíbiotarso. Não foi realizado jejum pré-anestésico, e foi administrada glicose via oral, para prevenção de hipoglicemia transoperatória. Como medicação pré-anestésica, foi utilizado midazolam (0,5 mg/kg) e cetamina (15 mg/kg), pela via intramuscular. Após decorridos 15 minutos, foi realizada indução anestésica com isofluorano diluído em oxigênio 100%, por máscara facial. O animal foi intubado e mantido sob anestesia com isoflurano calibrado de acordo com o requerimento do paciente. No trans-operatório foi monitorada frequência cardíaca, com o auxílio de doppler ultrassônico posicionado no coração, frequência respiratória através de capnometria, saturação de oxigênio por oxímetro de pulso e temperatura retal. Para realização do procedimento cirúrgico, utilizou-se um cateter 20G adaptado e posicionado como um pino intramedular e as extremidades ósseas foram posicionadas para atingir o alinhamento necessário. Para antibioticoterapia foi utilizada ampicilina (100 mg/kg), pela via intramuscular. O animal extubou um minuto após o fim do procedimento, sua recuperação foi adequada e foi mantido em observação até liberação pelo setor de clínica médica. O caso em questão ressalta a importância de levar em consideração as particularidades de cada espécie de ave para elaborar protocolos anestésicos adequados. Além disso, enfatiza a necessidade premente de realizar pesquisas adicionais para aprimorar a prática anestésica em pets não convencionais, que estão se tornando cada vez mais comuns no atendimento de rotina.

Publicado
13-10-2023