ESTUDO RETROSPECTIVO DAS ALTERAÇÕES BIOQUÍMICAS SÉRICAS NA PIOMETRA
Resumo
A piometra é uma patologia que acomete todas as fêmeas das espécies animais, sendo
mais frequente em cadelas e vacas. Esta alteração causa no útero uma infecção e
inflamação com concentrações significativas de exsudato purulento ou mucopurulento.
Os exames laboratoriais bioquímicos são imprescindíveis para a identificação de
alterações metabólicas, hepáticas e renais, relacionadas principalmente à septicemia que
é um dos maiores agravos da piometra. Um dos tratamentos indicados para a piometra é
a intervenção cirúrgica, em que a ovariosalpingohisterectomia (OSH) é uma das técnicas
de escolha em animais de companhia, e as dosagens bioquímicas são também utilizados
como parte da avaliação pré cirúrgica. Para o acompanhamento clínico de pacientes com
piometra, são solicitados exames como alanina aminotransferase (ALT), fosfatase
alcalina (FA), creatinina (CRE), ureia, albumina, proteínas totais (PT), aspartato
aminotransferase (AST) e gama glutamil transferase (GGT). O objetivo deste resumo foi
analisar as principais alterações dos resultados bioquímicos de pacientes com piometra
atendidos pela Superintendência Unidade Hospitalar Veterinária Universitária (SUHVU)
da Universidade Federal da Fronteira Sul - Campus Realeza, no período de janeiro de
2022 a junho de 2023. O trabalho foi desenvolvido de forma retrospectiva, a partir dos
dados dos prontuários e requerimentos de exames bioquímicos realizados no laboratório
de análises clínicas veterinárias, de animais diagnosticados com piometra. Ao todo foram
contabilizadas 14 fêmeas, dentre elas 12 cadelas e duas gatas, com idade de três a 15 anos.
Acerca da solicitação dos bioquímicos pelos veterinários, foram requeridos 12 exames de
ALT, 12 de creatinina, 10 de ureia, nove de FA e sete de albumina. O exame com maior
frequência de alteração foi a FA, com média de 336,3 ± 250,5 UI/L, sendo que 88,9%
foram acima da referência para a espécie. A média da ALT foi de 44,5 ± 52,1 UI/L, com
8,3% dos resultados acima e 25% abaixo dos valores de referência. Em relação a ureia e
creatinina, os valores médios foram 37,7 ± 10,9 mg/dL e 0,91 ± 0,15 mg/dL
respectivamente, todos dentro do intervalo de referência. A albumina teve média de 2,5 ±
0,4 g/dL, também sem alteração. Quanto ao aumento da FA, pode ser decorrente de
corticoides endógenos ocasionados pela dor e o estresse pela infecção. Ainda, as
elevações da ALT e FA podem indicar alterações hepáticas como a colestase, ocasionadas
pela sepse ou redução da oxigenação pela desidratação, oriundas muitas vezes do
diagnóstico tardio ou demora no tratamento. A diminuição sérica da ALT pode ocorrer
devido a inibição da síntese enzimática hepática, devido a liberação de endotoxinas pelas
bactérias na circulação. Com isso, percebe-se a importância da realização destes exames
no diagnóstico e tratamento dos pacientes, pois podem revelar o início de um processo
inflamatório no organismo ou lesões hepáticas concomitantes, influenciando diretamente
no prognóstico destes
Copyright (c) 2023 Mayara Cristina Stumm, Falcão Sodré Black, Tatielly Ebeling Nardino, Luciana Pereira Machado, Daniel Scapin, Fernanda Bernardo Cripa, Thainá Simões Giordani
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Submeto o trabalho apresentado como texto original à Comissão Editorial do XII SEPE e concordo que os direitos autorais, a ele referente, se torne propriedade do Anais da XII SEPE da UFFS.