ESTUDO RETROSPECTIVO DAS ALTERAÇÕES BIOQUÍMICAS SÉRICAS NA PIOMETRA

  • Mayara Cristina Stumm uffs
  • Falcão Sodré Black uffs
  • Tatielly Ebeling Nardino
  • Luciana Pereira Machado
  • Daniel Scapin
  • Fernanda Bernardo Cripa
  • Thainá Simões Giordani
Palavras-chave: Diagnóstico laboratorial; Infecção uterina; Animais domésticos;

Resumo

A piometra é uma patologia que acomete todas as fêmeas das espécies animais, sendo
mais frequente em cadelas e vacas. Esta alteração causa no útero uma infecção e
inflamação com concentrações significativas de exsudato purulento ou mucopurulento.
Os exames laboratoriais bioquímicos são imprescindíveis para a identificação de
alterações metabólicas, hepáticas e renais, relacionadas principalmente à septicemia que
é um dos maiores agravos da piometra. Um dos tratamentos indicados para a piometra é
a intervenção cirúrgica, em que a ovariosalpingohisterectomia (OSH) é uma das técnicas
de escolha em animais de companhia, e as dosagens bioquímicas são também utilizados
como parte da avaliação pré cirúrgica. Para o acompanhamento clínico de pacientes com
piometra, são solicitados exames como alanina aminotransferase (ALT), fosfatase
alcalina (FA), creatinina (CRE), ureia, albumina, proteínas totais (PT), aspartato
aminotransferase (AST) e gama glutamil transferase (GGT). O objetivo deste resumo foi
analisar as principais alterações dos resultados bioquímicos de pacientes com piometra
atendidos pela Superintendência Unidade Hospitalar Veterinária Universitária (SUHVU)
da Universidade Federal da Fronteira Sul - Campus Realeza, no período de janeiro de
2022 a junho de 2023. O trabalho foi desenvolvido de forma retrospectiva, a partir dos
dados dos prontuários e requerimentos de exames bioquímicos realizados no laboratório
de análises clínicas veterinárias, de animais diagnosticados com piometra. Ao todo foram
contabilizadas 14 fêmeas, dentre elas 12 cadelas e duas gatas, com idade de três a 15 anos.
Acerca da solicitação dos bioquímicos pelos veterinários, foram requeridos 12 exames de
ALT, 12 de creatinina, 10 de ureia, nove de FA e sete de albumina. O exame com maior
frequência de alteração foi a FA, com média de 336,3 ± 250,5 UI/L, sendo que 88,9%
foram acima da referência para a espécie. A média da ALT foi de 44,5 ± 52,1 UI/L, com
8,3% dos resultados acima e 25% abaixo dos valores de referência. Em relação a ureia e
creatinina, os valores médios foram 37,7 ± 10,9 mg/dL e 0,91 ± 0,15 mg/dL
respectivamente, todos dentro do intervalo de referência. A albumina teve média de 2,5 ±
0,4 g/dL, também sem alteração. Quanto ao aumento da FA, pode ser decorrente de
corticoides endógenos ocasionados pela dor e o estresse pela infecção. Ainda, as
elevações da ALT e FA podem indicar alterações hepáticas como a colestase, ocasionadas
pela sepse ou redução da oxigenação pela desidratação, oriundas muitas vezes do
diagnóstico tardio ou demora no tratamento. A diminuição sérica da ALT pode ocorrer
devido a inibição da síntese enzimática hepática, devido a liberação de endotoxinas pelas
bactérias na circulação. Com isso, percebe-se a importância da realização destes exames
no diagnóstico e tratamento dos pacientes, pois podem revelar o início de um processo
inflamatório no organismo ou lesões hepáticas concomitantes, influenciando diretamente
no prognóstico destes

Publicado
15-10-2023