O Ensino remoto na formação médica, na UFFS, durante a pandemia de COVID-19

  • Marcelo Jamal Barros Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Gabriel Rodrigues Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Ana Carolina Gonçalves Zietz Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Cesar Andres Diaz Arias
  • Graciela Soares Fonseca Universidade Federal da Fronteira Sul
Palavras-chave: Ensino remoto, Pandemia, Formação médica, Tecnologias educacionais, Adaptação do estudante

Resumo

Com a pandemia do vírus SARS-CoV-2 anunciada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em março de 2020, diversas realidades sofreram mudanças, dentre elas o ensino foi uma das mais impactadas. Com o objetivo de diminuir o contágio, práticas como o uso de máscaras, aumento das medidas de higiene e o distanciamento social foram adotadas.  Nesse contexto, todas as instituições de educação do país suspenderam as atividades presenciais e passaram a buscar alternativas para dar continuidade aos processos educativos de maneira não presencial. Na área da saúde não foi diferente e o ensino remoto emergencial passou a ser adotado e a substituição por aulas em formato online aconteceu por uma obrigatoriedade imposta pelo contexto e, em alguns casos, não permitiu um planejamento cuidadoso a longo prazo. O objetivo do estudo foi analisar o ensino remoto emergencial instituído no curso de Medicina da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Campus Chapecó, durante a pandemia de COVID-19. Dessa forma, foi realizado um estudo transversal de abordagem quantitativa, com a participação de 71 alunos matriculados no referido curso que adotou o ensino remoto a partir de maio de 2020. Os dados foram coletados por meio de um questionário online e analisados por estatísticas descritiva, além de testes baseados na mediana (Mood) e análises de correlações a partir do teste de Rho de Spearman. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UFFS, por meio do parecer 4.541.826, emitido em 15 de fevereiro de 2021 (CAAE: 40078720.0.0000.5564) Os resultados indicaram que 73,2% dos estudantes tiveram sua renda afetada, semelhante ao que ocorreu com a população brasileira. Ainda, 77,46% dos estudantes apresentaram dores e desconfortos devido a posições não ergonômicas adotadas durante o ensino remoto, que são propensas a causar dores crônicas e cansaço. Outra questão levantada foram a dificuldade de adaptação ao ensino remoto, uma vez que 80,28% dos estudantes relataram que essa adaptação foi complexa, principalmente por conta da falta de infraestrutura adequada e da adequação aos novos ambientes de ensino apresentados. Por outro lado, 95,57% dos estudantes concordaram que é mais fácil ser pontual nesse modelo de ensino. Também foram relatadas diferenças entre sexos, com as mulheres apresentando um grau de cansaço mais elevado, e entre as turmas do curso, com as mais novas apresentando maior discordância quanto aos impactos da pandemia nas relações interpessoais. Conclui-se que no contexto da pandemia e com uma alteração na forma de ensino para os estudantes, muitas dificuldades acompanharam essa mudança de realidade, ainda com a apresentação de alguns pontos positivos, o que demonstra a complexidade de uma mudança abrupta na metodologia de ensino.

Publicado
25-10-2023