REALIZAÇÃO DO EXAME DE MAMOGRAFIA POR MULHERES ATENDIDAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE
FREQUÊNCIA E RELAÇÃO COM VARIÁVEIS SOCIOECONÔMICAS E DE SAÚDE
Resumo
Introdução: O câncer de mama representa cerca de 24,5% de todos os tipos de neoplasias diagnosticadas nas mulheres, sendo o primeiro em mortalidade entre pacientes oncológicas no Brasil. A mamografia é o instrumento mais efetivo para diagnóstico precoce desse tumor. Entretanto, a idade preconizada pelo Ministério da Saúde é a partir dos 50 aos 70 anos, para evitar a exposição prévia desnecessária das pacientes à radiação, embora a recomendação médica seja o preditor da realização da mamografia, já que estudos demonstram que o desenvolvimento dessa neoplasia pode envolver outros fatores além da faixa etária. Objetivos: Identificar a frequência de realização de mamografia pelas mulheres atendidas na Atenção Primária em Saúde (APS) e sua relação com variáveis socioeconômicas e de saúde. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal, descritivo e analítico, com mulheres acima de 18 anos acompanhadas na APS do município de Marau/RS no ano de 2019. O projeto de pesquisa do qual deriva este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição proponente (parecer 4.769.903). A coleta dos dados foi realizada a partir do sistema de prontuários integrados das Estratégias de Saúde da Família do município, o G-MUS - Gestão Municipal de Saúde. Os dados socioeconômicos, de saúde e comportamentais foram digitados no software EpiData (distribuição livre). As análises estatísticas foram realizadas no software PSPP (distribuição livre) e compreenderam frequências absolutas e relativas das variáveis. Foi calculada a frequência de realização de mamografia e de resultados alterados (desfechos) com intervalo de confiança de 95% (IC95) e verificada sua distribuição conforme as variáveis de exposição, empregando-se o teste do qui-quadrado e admitindo-se erro tipo I de 5%. Resultados: A amostra foi composta de 2.037 participantes, com média de idade de 56±57 anos, sendo 40,6% com idade entre 50 e 70 anos, 60,4% com ensino fundamental completo e 73,3% de cor branca. Foi verificado 6,4% de tabagismo, 0,8% de consumo de bebidas alcoólicas, 0,2% de uso de droga e 2,8% de prática de atividade física. Em relação à saúde dessas pacientes, 44,6% apresentavam hipertensão arterial sistêmica, 23,8% transtorno mental, 23,7% obesidade, 15,6% diabetes mellitus, 20,1% dislipidemia, 3,9% câncer, 1,9% acidente vascular cerebral, 1% infarto agudo do miocárdio. Observou-se que 24% (IC95 21-27) das participantes realizaram o exame de mamografia no período, sendo maior frequência em mulheres entre 50 e 70 anos (33,4%; p<0,001), de cor branca (20,8%; p=0,018), diabéticas (17,2%; p=0,022) e que têm ou tiveram câncer (45,5%; p=0,017). Do total de exames realizados, 1,6% apresentaram resultado alterado, com BIRADS 4, 4A e 4C, com maior frequência em mulheres tabagistas (9,1%; p<0,045) e em mulheres que tem ou já tiveram câncer (27,3%; p<0,001). Conclusões: Mais de um terço da realização do exame de mamografia é na faixa etária preconizada pelo Ministério da Saúde, o que sugere que esteja sendo seguido adequadamente o protocolo de rastreamento, porém outras faixas etárias podem se beneficiar do rastreio precoce, especialmente entre mulheres que já têm ou tiveram câncer e tabagistas, que precisam ser acompanhadas pois estão relacionadas com piores prognósticos da doença.
Copyright (c) 2023 Karima Muhammad Yusuf, Francisca Mayara Soares Gama, Gustavo Olszanski Acrani, Ivana Loraine Lidemann, Rilary Silva Sousa, Jossimara Polettini
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