REALIZAÇÃO DO EXAME DE MAMOGRAFIA POR MULHERES ATENDIDAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE

FREQUÊNCIA E RELAÇÃO COM VARIÁVEIS SOCIOECONÔMICAS E DE SAÚDE

  • Karima Muhammad Yusuf Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Francisca Mayara Soares Gama
  • Gustavo Olszanski Acrani
  • Ivana Loraine Lidemann
  • Rilary Silva Sousa
  • Jossimara Polettini
Palavras-chave: Oncologia, Atenção Básica, Câncer de mama, Epidemiologia

Resumo

Introdução: O câncer de mama representa cerca de 24,5% de todos os tipos de neoplasias diagnosticadas nas mulheres, sendo o primeiro em mortalidade entre pacientes oncológicas no Brasil. A mamografia é o instrumento mais efetivo para diagnóstico precoce desse tumor. Entretanto, a idade preconizada pelo Ministério da Saúde é a partir dos 50 aos 70 anos, para evitar a exposição prévia desnecessária das pacientes à radiação, embora a recomendação médica seja o preditor da realização da mamografia, já que estudos demonstram que o desenvolvimento dessa neoplasia pode envolver outros fatores além da faixa etária. Objetivos: Identificar a frequência de realização de mamografia pelas mulheres atendidas na Atenção Primária em Saúde (APS) e sua relação com variáveis socioeconômicas e de saúde. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal, descritivo e analítico, com mulheres acima de 18 anos acompanhadas na APS do município de Marau/RS no ano de 2019. O projeto de pesquisa do qual deriva este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição proponente (parecer 4.769.903). A coleta dos dados foi realizada a partir do sistema de prontuários integrados das Estratégias de Saúde da Família do município, o G-MUS - Gestão Municipal de Saúde. Os dados socioeconômicos, de saúde e comportamentais foram digitados no software EpiData (distribuição livre). As análises estatísticas foram realizadas no software PSPP (distribuição livre) e compreenderam frequências absolutas e relativas das variáveis. Foi calculada a frequência de realização de mamografia e de resultados alterados (desfechos) com intervalo de confiança de 95% (IC95) e verificada sua distribuição conforme as variáveis de exposição, empregando-se o teste do qui-quadrado e admitindo-se erro tipo I de 5%.  Resultados: A amostra foi composta de 2.037 participantes, com média de idade de 56±57 anos, sendo 40,6% com idade entre 50 e 70 anos, 60,4% com ensino fundamental completo e 73,3% de cor branca. Foi verificado 6,4% de tabagismo, 0,8% de consumo de bebidas alcoólicas, 0,2% de uso de droga e 2,8% de prática de atividade física. Em relação à saúde dessas pacientes, 44,6% apresentavam hipertensão arterial sistêmica, 23,8% transtorno mental, 23,7% obesidade, 15,6% diabetes mellitus, 20,1% dislipidemia, 3,9% câncer, 1,9% acidente vascular cerebral, 1% infarto agudo do miocárdio. Observou-se que 24% (IC95 21-27) das participantes realizaram o exame de mamografia no período, sendo maior frequência em mulheres entre 50 e 70 anos (33,4%; p<0,001), de cor branca (20,8%; p=0,018), diabéticas (17,2%; p=0,022) e que têm ou tiveram câncer (45,5%; p=0,017). Do total de exames realizados, 1,6% apresentaram resultado alterado, com BIRADS 4, 4A e 4C, com maior frequência em mulheres tabagistas (9,1%; p<0,045) e em mulheres que tem ou já tiveram câncer (27,3%; p<0,001). Conclusões: Mais de um terço da realização do exame de mamografia é na faixa etária preconizada pelo Ministério da Saúde, o que sugere que esteja sendo seguido adequadamente o protocolo de rastreamento, porém outras faixas etárias podem se beneficiar do rastreio precoce, especialmente entre mulheres que já têm ou tiveram câncer e tabagistas, que precisam ser acompanhadas pois estão relacionadas com piores prognósticos da doença.

Publicado
31-10-2023