PRÁTICAS DOS ENFERMEIROS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA NA SAÚDE

CUIDADOS AO ADULTO E IDOSO NA REGIÃO SUL

Resumo

A Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil retrata um cuidado integral ao indivíduo e coletividade e o enfermeiro tem papel fundamental na prática assistencial aos usuários e na intervenção sobre os determinantes sociais do processo saúde-doença, com atribuições específicas definidas pela Política Nacional de Atenção Básica, além de competências e habilidades inerentes à sua função. O objetivo é analisar a percepção dos enfermeiros sobre a autonomia nas práticas assistenciais na APS desenvolvidas pelo enfermeiro no cuidado à saúde do adulto e idoso da região Sul do Brasil. Este estudo do tipo qualitativo é um recorte do projeto matricial: “Práticas de Enfermagem no contexto da Atenção Primária à Saúde (APS): estudo nacional de métodos mistos”, conta com abordagem exploratória e descritiva e análise a partir do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC).  A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos sob o protocolo CAEE nº 20814619.2.0000.0030, parecer nº 4510012, aprovado em 03 de outubro de 2019. Foram realizadas entrevistas por videoconferência com 174 enfermeiros (as) atuantes na APS, a coleta ocorreu entre outubro de 2020 a fevereiro de 2021. Para as entrevistas utilizou-se roteiro semi estruturado, com questões divididas em 3 blocos, sendo o primeiro e o segundo destinados a caracterizar perfil socioeconômico e sobre a formação profissional do enfermeiro (a) entrevistado. Já no terceiro bloco, as perguntas buscavam compreender suas atividades desempenhadas no serviço de saúde. As entrevistas foram categorizadas, visando identificar as expressões-chave, isto é, relacionadas com a assistência prestada pelos enfermeiros aos usuários adultos e idosos das Unidades Básicas de Saúde (UBS) para a formação do DSC. Na percepção dos enfermeiros que atuam na APS na região Sul, a maioria da população adscrita e utilizadora da APS é de usuários adultos e idosos e as principais práticas desenvolvidas são os cuidados frente às doenças crônicas como hipertensão, diabetes, doença pulmonar obstrutiva crônica, cuidados com feridas crônicas, além de questões emergentes como a tuberculose. Nas falas dos enfermeiros é evidenciado que eles desenvolvem maior autonomia nas consultas de enfermagem por grupos, quando da solicitação de exames para hipertensos, diabéticos compensados e de acompanhamentos e além disso, podem renovar as medicações dos usuários, mas não podem fazer o diagnóstico. Em relação mais específica as práticas com os adultos, destacam a autonomia no tratamento de feridas com o uso do protocolo de feridas, assim, podem prescrever e nas situações como feridas crônicas, por exemplo, feridas venosas, ou situações realmente muito difíceis, realizam o encaminhamento para serviços especializados na rede assistencial. Conclui-se que na percepção dos enfermeiros a autonomia está condicionada principalmente pelo uso de protocolos assistenciais que orientam as práticas e na possibilidade de tomar decisão frente aos encaminhamentos na rede. Contudo, ainda é preciso discutir possibilidades de ampliar o escopo de práticas do enfermeiro no intuito de ampliar a resolutividade dos cuidados na APS.