ESTUDANTES DE MEDICINA IMERSOS NO PANORAMA DO TERRITÓRIO: RELATO DE EXPERIÊNCIA

  • Thalita Cristine Almeida UFFS - Passo Fundo
  • Bruno Zilli Peroni UFFS - Passo Fundo
  • Maria Joaquina Bidart Inchauspe UFFS - Passo Fundo
  • Alessandra Regina Muller Germani UFFS - Passo Fundo
Palavras-chave: Determinantes Sociais da Saúde; Educação em Saúde; Saúde Coletiva; Território; Visita domiciliar

Resumo

A complexidade do território se dá pela sua realidade multifacetada: famílias, estruturas e condições diversas. Esse contexto é responsável por criar a heterogeneidade social dos ambientes, contudo, ao mesmo tempo que afasta, aproxima indivíduos imersos nas mesmas circunstâncias. Isso pode ser observado nas visitas domiciliares, coordenadas pela equipe de saúde das Estratégias de Saúde da Família (ESF) e demais instituições parceiras, como médicos em formação. Diante dessa realidade, a Universidade Federal da Fronteira Sul - Campus Passo Fundo proporciona aos discentes do terceiro e quarto semestres o contato e o acompanhamento quinzenal de famílias em alguns bairros do município. Nesses encontros, a construção de vínculo é estabelecida, assim como a constatação de singularidades familiares, aplicações de instrumentos avaliativos e a intervenção nas principais disparidades. A partir disso, a cada contato, enquanto o vínculo é firmado e estreitado, se conhece mais sobre os problemas enfrentados pelas famílias e pela comunidade, reconhecendo como a ESF e os estudantes podem intervir de modo a atenuá-los. Essa intervenção ocorre por meio do desenvolvimento de um projeto, ao final do terceiro semestre, intitulado como Projeto Terapêutico Singular (PTS), cujo objetivo é fornecer a cada família ações e instruções de educação em saúde, de modo individualizado e, com isso, impactar positivamente na vida dessas famílias. Desse modo, os presentes autores imergiram na realidade de 6 famílias do bairro Santa Marta, no período de março a julho de 2023. Essas famílias eram compostas por mulheres grávidas, idosos e idosas, crianças e adultos, as quais foram selecionadas pela própria ESF. Anteriormente a cada visita, os estudantes foram preparados com embasamento teórico. Com isso, procurava-se compreender o bem-estar físico e psicológico dos familiares, bem como suas peculiaridades, assim como a relação deles com a vizinhança. Diante do exposto, algumas realidades como fome, falta de apoio social, depressão e negligência foram encontradas e problematizadas como áreas de atenção. Isso sensibilizou os discentes, sendo esse um dos objetivos da matéria: apresentar diferentes realidades de forma a gerar a criticidade e o pensar generalista acerca delas. Ao instigar os estudantes frente a esse meio, percebeu-se o engajamento e o envolvimento a fim de reduzir danos, por meio da proposição de ações com vistas a integralidade dos indivíduos. Logo, atividades como folders educativos, fomento a criação de hortas em casa e calendários instrutivos foram aplicadas no contexto de cada constituição familiar, caracterizando assim o PTS. Essa vivência foi compartilhada com a ESF por meio de discussão, em que se apresentaram as principais informações acerca das disparidades encontradas, para posterior acompanhamento da equipe. Por fim, enquanto estudantes realizadores das visitas e idealizadores do PTS, essa experiência foi única: oportunizou a troca com a comunidade, o conhecimento de situações ímpares e, principalmente, o entendimento de que estabelecer vínculo com os pacientes é essencial na prática da educação em saúde. A continuidade do vínculo estabelecido se dá no quarto semestre, momento em que focamos na comparação da vivência das famílias na efetivação das políticas de saúde ofertadas pela ESF.

Publicado
31-10-2023