PREVALÊNCIA DE DNA-Helicobacter pylori NA CAVIDADE ORAL EM AMOSTRA DE PACIENTES SEM SINTOMAS GÁSTRICOS

  • Roberto Antônio Gurgel Gomes Júnior universidade federal da fronteira sul
  • Patricia Marcolin
  • Jossimara Polettini
  • Daniela Augustin Silveira
Palavras-chave: Helicobacter pylori; Trato Gastrointestinal; Mucosa oral

Resumo

Introdução: Desde a sua descoberta em 1982, o Helicobacter pylori vem sendo
investigado devido ao seu papel em inflamações da mucosa estomacal, úlcera péptica e
câncer do estômago. Uma vez que a cavidade oral está envolvida na transmissão dessa
bactéria, estudos recentes são realizados a fim de identificar vestígios desse patógeno
nessa cavidade e considerá-la como possível reservatório. Objetivos: Determinar a
prevalência de DNA-H.pylori na cavidade oral de pacientes assintomáticos e a sua relação
com as variáveis sociodemográficas e clínicas. Metodologia: Estudo quantitativo,
observacional, transversal, descritivo e analítico, realizado com pacientes entre 18 e 59
anos, assintomáticos para problemas gástricos, em atendimento nos ambulatórios da
Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) no período de 2021 a 2023. O projeto do
qual esse estudo faz parte foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFFS
(parecer nº 4.527.806). Aplicou-se um questionário, seguido por coleta de amostra da
cavidade oral através de escova citológica, preservada em solução tampão TET e
posteriormente submetida à extração de DNA. Para a detecção DNA-H.pylori, foi
realizada a técnica de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), utilizando primers que
flanqueiam a região 16S rDNA do H.pylori, seguindo-se de um nested PCR com primers
para genes específicos da bactéria. A amplificação dos genes foi verificada através da
eletroforese em gel de agarose 1,5%. A análise das variáveis foi feita através do programa
GraphPad Prism 9.4, para verificar a relação entre as variáveis independentes sexo,
moradia, tabagismo, etilismo, uso de Inibidores da Bomba de Prótons (IBP) e o uso de
Antiinflamatórios Não – Esteroides (AINE) e a variável dependente positividade para H.
pylori, utilizando-se o Teste Exato de Fisher, com o nível de significância de 5%.
Resultados: Foram incluídos 47 pacientes assintomáticos, sendo a maioria do sexo femininio (51,7%), moradores da zona urbana (85,1%), não tabagistas (89,4%), não
etilistas (80,8%), não usuários de IBP (80,8%) ou de AINE (51,1%). A prevalência de
DNA-H.pylori foi 48,9 %. Não se observou diferença significativa entre a prevalência da
positividade da bactéria para sexos (feminino 45,8% vs. masculino 52,2%, p=0,77) e para
moradia (urbana 50,0% vs. rural 50,0%, p= 0,99). Embora sem significância estatística,
observou-se que 80% dos pacientes tabagistas são DNA-H.pylori positivo (p=0,18),
enquanto 44,4% dos pacientes etilistas apresentam o DNA bacteriano na cavidade oral
(p=0,99). O uso de IBP e de AINE foi observado em 44,4% e 47,8% dos pacientes
positivos para DNA-H.pylori, sem diferença significativa com relação aos pacientes
negativos (p>0,05). Conclusão: Aproximadamente metade dos pacientes assintomáticos
apresentou o DNA-H.pylori na mucosa oral, o que sugere que essa região possa servir de
reservatório para esse microrganismo, não havendo relação desse achado com dados
sociodemográficos e clínicos. Dessa forma, conclui-se a necessidade de novos estudos
com um n ampliado, a fim de esclarecer a relação da colonização da mucosa oral com o
desenvolvimento de doenças no trato gastrointestinal.

Publicado
31-10-2023