HIPERCOLESTEROLEMIA COMO FATOR DE ALTERAÇÃO DA AUTOPERCEPÇÃO DA SAÚDE DE USUÁRIOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

  • Paulo Dambros Filho UFFS- Passo Fundo
  • Gustavo Sandri Mello
  • Julia Helena Glesse
  • Maria Fernanda Soares Gonçalves
  • Ivana Loraine Lindemann
  • Gustavo Olszanski Acrani
Palavras-chave: Saúde Individual, Atenção Primária à Saúde, Níveis Altos de Colesterol

Resumo

A autopercepção de saúde (AS) é um indicador subjetivo que abrange aspectos físicos,
cognitivos e emocionais para avaliação geral de saúde individual. Nesse sentido, estudos
indicam que uma pior AS está relacionada com depressão, incapacitação física e mental
e morbimortalidade. Devido ao impacto das doenças cardiovasculares na
morbimortalidade e na incapacitação do indivíduo, e à relação da hipercolesterolemia
com risco cardiovascular, é crucial avaliar a associação dessa doença metabólica com a
AS. Desse modo, o estudo objetivou avaliar a relação entre características individuais e a
presença de diagnóstico de hipercolesterolemia em usuários da Atenção Primária à Saúde
(APS) frente à autopercepção de saúde. Trata-se de um estudo transversal, aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal da Fronteira
Sul - UFFS (parecer n.3.219.633), contemplando 34 unidades da APS da zona urbana de
Passo Fundo, Rio Grande do Sul. A aplicação de questionários foi realizada para a coleta
de informações primárias entre maio e agosto de 2019. O desfecho avaliado foi a
autopercepção negativa da saúde, obtido por meio do questionamento “Como você
considera a sua saúde?”, sendo que as respostas “excelente” e “boa” foram consideradas
como “positiva”; e “regular” ou “ruim” foram consideradas como autopercepção
“negativa”. As variáveis independentes computadas foram idade, alfabetização e
presença de diagnóstico médico de hipercolesterolemia, aferida por meio do
questionamento “Alguma vez algum médico lhe disse que você tem colesterol alto?”.
Ademais, foram estimadas as frequências absolutas e relativas das variáveis
independentes, assim como foi realizado o cálculo da prevalência do desfecho com
intervalo de confiança de 95% (IC95), com avaliação de sua distribuição frente às
variáveis de exposição (teste de qui-quadrado de Pearson; erro alfa de 5%). A amostra
(n=1.443) foi composta, em sua maioria, por mulheres (71%), de 18 a 29 anos (20,5%),
com ensino fundamental completo (45,6%), de cor branca (64,8%), com renda per capita
de até 1 salário mínimo (71,2%) e com sobrepeso (40,6%). Além disso, 25,2% dos
pacientes possuíam diagnóstico autorreferido de hipercolesterolemia, enquanto que a
prevalência da AS negativa na amostra foi de 47% (IC95 44-49%). A AS negativa foi
mais frequente entre indivíduos com 60 anos ou mais (63,1% dos idosos, p<0,001), entre
analfabetos e pessoas que só assinam (60 e 65,4%, respectivamente, p=0,010). Por fim,
dos pacientes com hipercolesterolemia, 64,3% possuíam AS negativa, valor elevado se
comparado à AS dos indivíduos normolípides (40,8%, p<0,001). Para os idosos, isso pode
ser explicado devido à maior limitação física dessa população, à elevada prevalência de
multimorbidades e também da significante taxa de depressão, aumentada nessa faixa
etária. Além disso, indivíduos com menor instrução podem possuir saúde deteriorada por
condições de trabalho insalubres e menor procura por serviços de saúde. Por outro lado,
pacientes com hipercolesterolemia são frequentemente comórbidos e possuem risco
aumentado para o desenvolvimento de alguma doença cardiovascular severa como infarto
do miocárdio ou acidente vascular cerebral, situações que alteram significativamente o
curso e a qualidade de vida e que podem ter um impacto direto na avaliação da própria
saúde.
Palavras-chave: Saúde Individual; Atenção Primária à Saúde; Níveis Altos de
Colesterol.

Publicado
31-10-2023