ANÁLISE DO PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO E DOS MÉTODOS UTILIZADOS NOS CASOS DE SUICÍDIO NA POPULAÇÃO IDOSA BRASILEIRA

  • Jackson Pagno Lunelli UFFS
  • Rayanne Allig Albuquerque Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Gustavo Olszanski Acrani
  • Ivana Loraine Lindemann
Palavras-chave: Suicídio; Idosos; Saúde Mental

Resumo

A definição de pessoa idosa utilizada no Brasil é aquela com idade ≥ aos 60 anos. Essa definição e as características do grupo que a compõe são temas de estudos cada vez mais recorrentes, tendo em vista o envelhecimento da população. Entre esses estudos, o tema suicídio ainda sofre resistência por ser considerado um tabu pela sociedade. No entanto, aprofundar os conhecimentos sobre o assunto permite, de forma decisiva, a ação em fatores que possam reduzir os impactos negativos dessa condição. Dessa forma, este trabalho tem por objetivo analisar o suicídio no Brasil e apresentar o perfil sociodemográfico dos idosos envolvidos, bem como os métodos utilizados para consolidação das ideações. Trata-se de um estudo ecológico, realizado com dados secundários obtidos do Painel de Monitoramento sobre Mortalidade Específica do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Nele foram aplicados os filtros da Classificação Internacional de Doença (CID10) X69 ao X84 que correspondem às lesões autoprovocadas intencionalmente, assim como o período de 2018 até 2021 como limite temporal de dados consolidados na plataforma. Os dados contemplaram região do país, sexo, cor da pele e métodos mais comuns de autolesão, sendo eles intoxicação exógena, enforcamento, uso de arma de fogo e precipitação de elevada altitude/meio não especificado. Os dados compilados foram transferidos para planilha do programa LibreOffice® (Versão 6.4 – distribuição livre) e analisados sob a ótica da estatística descritiva, com cálculo das frequências absolutas e relativas das variáveis analisadas. Ainda, procedeu-se a estratificação dos métodos empregados de acordo com o sexo. A amostra final, composta por 10.003 idosos, é, em sua maioria, de indivíduos do sexo masculino (80,4%), com idade entre 60 e 69 anos (55%), seguida pelo grupo de 70 a 79 anos (31,8%). A cor mais prevalente é a branca (61,5%), seguida pelos pretos e pardos (36,4%) e, em menor escala, outros grupos como amarelos e indígenas, os quais não atingem 1% da amostra. As regiões Sudeste (33,7%) e Sul (30,8%) lideram o mapa nacional e juntas representam mais da metade de todos os casos registrados no período. A região Norte ocupa a posição com menor proporção (4,2%) e, no Centro-Oeste e no Nordeste ocorreram, respectivamente, 7,4% e 24% dos casos. Ao analisar os métodos utilizados para autolesão, observa-se o enforcamento como mais recorrente (71%), seguido por utilização de arma de fogo (10,6%), precipitação de elevada altitude/meio não especificados (10,4%) e intoxicações exógenas (8,1%). Quando esses métodos são estratificados pelo sexo, os considerados mais violentos se destacam entre a população masculina como o caso do enforcamento (80%) e o uso de arma de fogo (86%). Nos outros dois métodos avaliados na pesquisa, o uso por mulheres ganha destaque, precipitação de elevada altitude/meio não especificados (33,1%) e intoxicações exógenas (37,3%). Diante disso, torna-se possível visualizar de que forma o suicídio está presente na população idosa, e assim, as políticas que abordam o tema podem ser melhor empregadas na sociedade buscando um maior impacto na redução da ocorrência do desfecho e na conscientização da população sobre as doenças mentais entre idosos.

Publicado
26-10-2023