UALALAPI: Uma visão Moçanbicana do Colonialismo

  • Emanuel Froelich Universidade Federal da Fronteira Sul - UFFS
  • Demétrio Alvez Paz
Palavras-chave: Literatura Moçambicana, PALOP, Romance

Resumo

O presente trabalho, pertencente ao projeto de pesquisa Visibilizando o invisível: relações de gêneros e étnico-raciais nas literaturas de língua portuguesa, tem por objetivo analisar o romance Ualalapi (2018), do escritor moçambicano Ungulani Ba Ka Khosa, nome em Tsonga de Francisco Esaú Cossa. A partir da leitura de obras críticas de especialistas nas literaturas africanas de língua portuguesa como Manuel Ferreira (1987), Pires Laranjeira (1995), Tânia Macedo & Vera Maquea (2007), assim como em artigos em revistas acadêmicas, resenhas e entrevistas com o autor, tem-se o intuito de conhecer a fortuna crítica sobre o escritor. A analise traz à tona assuntos pertinentes, tais como: as implicações sociais, ideológicas e históricas da resistência moçambicana ao colonialismo português, representada na obra pela figura do último imperador, Ngungunhane. O livro é dividido em seis fragmentos distintos, que relatam em ordem cronológica a história do imperador Ngungunhane. O primeiro fragmento é relatado por Ualalapi; o segundo fragmento, sob o olhar de Domia, relembra a morte de seu pai, Mputa, por ordem da rainha; o terceiro fragmento apresenta a história de Damboia, que era irmã mais nova de Muzila; o quarto fragmento mostra o 10º dia do cerco de alguns guerreiros a uma aldeia rival à Ngungunhane; o quinto fragmento expõe os acontecimentos contidos no diário de um dos filhos de Ngungunhane, Manua e o sexto e último fragmento transcreve o último discurso do imperador antes de seguir para o seu exilio em Portugal. Os relatos dos que estiveram ao lado do imperador desde o início do seu reinado até sua prisão criminosa pela coroa portuguesa, mostram um imperador humano, com virtudes e defeitos, último líder de uma resistência ao colonialismo, diferindo totalmente da visão bestial propagada pela historiografia colonial portuguesa. Ao mostrar uma África que resiste ao colonialismo, que luta pelo seus, o autor reescreve a história ‘oficial’ apresentando uma visão moçambicana dos acontecimentos.

Publicado
18-11-2022