PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS NAS DEMANDAS EM SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE

Resumo

Objetivo: Compreender as percepções dos/as profissionais da atenção primária quanto às demandas de saúde mental das usuárias mulheres na atenção básica em saúde. Método: Estudo exploratório, descritivo, com abordagem qualitativa temática, realizado com oito profissionais que atuam na Estratégia Saúde da Família de um município de Marau no interior do Rio Grande do Sul. A coleta de dados deu-se através de entrevistas semiestruturadas, no primeiro semestre
de 2022. Para análise dos dados utilizou-se o entendimento dos itinerários terapêuticos na saúde da mulher e a análise temática com categorização das falas. Resultados: A oferta do tratamento gratuito pelo SUS e o município ser referência de cobertura da ESF despontaram como potencialidades, além de estratégias de escuta, vinculação com as usuárias e com a comunidade, e a interdisciplinaridade do cuidado. Como fragilidades foi relatada a falta de profissionais nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e de articulação na rede matricial de saúde mental, a medicalização das demandas de saúde mental e a sobrecarga multifatorial da ESF frente ao quadro de saúde mental do município. Os desafios para esses/as profissionais têm sido abordar a violência de gênero e familiares naturalizadas, mantendo sua segurança e saúde mental a despeito da sobrecarga na ESF e fragilização da rede de saúde, sem perder o vínculo com as pacientes. Conclusão: São necessárias ações de investimento nas políticas de saúde mental na composição das equipes da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) para assegurar a longitudinalidade do cuidado. É também indispensável que haja educação permanente para profissionais, com constante qualificação, bem como adoção de estratégias de promoção de saúde mental e conscientização da população sobre a legitimidade dos transtornos mentais e a importância do tratamento contínuo. Em adição, ampliação de leitos em alas psiquiátricas hospitalar visando casos emergenciais. Aponta-se a necessidade de continuação do estudo em outras unidades de saúde e serviços da RAPS.