PREVALÊNCIA DE COMORBIDADES EM INDIVÍDUOS COM SINDROME RESPIRATÓRIA AGUDA GRAVE DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19 EM UMA UNIDADE HOSPITALAR DE PASSO FUNDO/RS

  • Thiago Emanuel Rodrigues Novaes Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Renata dos Santos Rabello
  • Ivana Loraine Lindemann
  • Shana Ginar da Silva
Palavras-chave: Doenças não Transmissíveis, Doenças Cardiovasculares, Grupos de Risco, Síndrome Respiratória Aguda Grave, Saúde Pública

Resumo

A Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) é caracterizada como uma afecção de etiologia diversa, mas predominantemente infecciosa, oriunda de complicações da Síndrome Gripal. Em 2020, com o advento da pandemia da COVID-19, causada pelo novo coronavírus, houve aumento das hospitalizações por SRAG em decorrência das infecções pelo SARS-CoV-2 em diversas populações, especialmente naquelas classificadas como sendo de grupos de risco. Dentre esses, destacam-se os portadores de comorbidades de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), que, quando associadas à patogenicidade viral, implicam em elevadas taxas de morbimortalidade. Nessa perspectiva, este estudo teve como objetivo caracterizar a prevalência de comorbidades de pacientes internados por SRAG no contexto da pandemia da COVID-19 em um hospital de um município situado ao  norte do estado do Rio Grande do Sul. Trata-se de um estudo com delineamento epidemiológico transversal com abordagem descritiva desenvolvido a partir de dados secundários, coletados de prontuários eletrônicos do Hospital de Clínicas de Passo Fundo/RS. A coleta de dados foi realizada no período de abril de 2021 a julho de 2022 a partir das internações hospitalares de pacientes com SRAG registradas de 01 de janeiro a 31 de julho de 2020. As principais variáveis analisadas foram a presença de comorbidades (asma, câncer, diabetes sem especificar tipo-DM, diabetes mellitos tipo 1, diabetes mellitus tipo 2-DM tipo 2, doença autoimune, doença cardiovascular-DCV, doença cardiovascular congênita, doença hematológica crônica, doença hepática crônica, doença neurológica crônica, doença renal crônica, doença pulmonar obstrutiva crônica-DPOC, hipertensão arterial sistêmica-HAS, imunodeficiência, obesidade, síndrome de Down e outra pneumopatia) de indivíduos de todas as idades. A coleta foi realizada em formulário próprio de pesquisa, seguida de dupla digitação e validação dos dados no software EpiData, de livre distribuição, e análises estatísticas no software PSPP, também de livre distribuição. As análises estatísticas compreenderam as frequências absolutas (n) e relativas (%) da presença de comorbidades e características sociodemográficas (sexo, cor, faixa etária e escolaridade). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFFS sob o parecer nº 4.405.773. A amostra foi constituída de n=377 pacientes, com predomínio de homens (53,5%), brancos (89,4%), com 60 anos ou mais (51,2%) e com 1 a 9 anos de estudo (60,4%). Destes, 79,4% possuíam pelo menos uma comorbidade, entre as quais cabe destacar aquelas com as maiores frequências: HAS (79,0%), DCV (44,3%), DM tipo 2 (37,8%), DM (32,6%), obesidade (31,5%) e DPOC (29,5%). A literatura discorre aspectos similares, com prevalência de DCNT, especialmente doenças cardiovasculares e diabetes, estabelecendo, inclusive, associação entre a presença dessas comorbidades e o aumento do risco de mortalidade em 12 vezes por SRAG. Diante disso, os achados sugerem que a presença de comorbidades seja intimamente relacionada às hospitalizações por SRAG, tendo em vista que a amostra contou com maioria dos indivíduos portadores de DCNT. Espera-se que, com este trabalho, seja possível advertir a vigilância epidemiológica em saúde, para que haja promoção e direcionamento de políticas públicas voltadas para prevenção e tratamento das patologias mencionadas, garantindo melhores prognósticos da SRAG, e consequente qualidade de vida para a população.

Publicado
21-11-2022