PERIOPERATÓRIO DE CIRURGIAS NÃO CARDÍACAS: MORBIMORTALIDADE CARDIOVASCULAR EM HOSPITAL TERCIÁRIO DO NORTE GAÚCHO

  • Guilherme Sommavilla Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Shana Ginar da Silva
  • Eduardo Pitthan
Palavras-chave: cuidados perioperatório, avaliação de risco, Fatores de risco cardiovasculares

Resumo

As cirurgias não cardíacas podem apresentar riscos de eventos cardiovasculares no período
perioperatório, sendo a estimativa dos escores de risco e a elevação de troponina bons
preditores independentes de morbimortalidade e de lesões miocárdicas. A definição de Lesão
Miocárdica após cirurgia não cardíaca (MINS, Myocardial Injury after Non-cardiac Surgery)
inclui, além da ocorrência do infarto agudo do miocárdico, a parada cardiorrespiratória e o
óbito imediato ou a longo prazo após o procedimento. Objetivou-se, no estudo, avaliar o perfil
clínico dos pacientes em perioperatório de cirurgia não cardíaca e a relação dos escores de
risco cardiovasculares pré e pós cirúrgicos, avaliando a predição para ocorrência de desfechos
cardiovasculares e mortalidade nos primeiros 30 dias do procedimento. Constitui-se de estudo
observacional, tipo coorte retrospectivo, com dados dos prontuários eletrônicos hospitalares
de pacientes submetidos a cirurgia não cardíaca, sob sedação ou anestesia geral, no Hospital
de Clínicas de Passo Fundo (HCPF), entre agosto e dezembro de 2019, tendo sido aprovado
no Comitê de Ética em Pesquisa (CEP/UFFS), sob o número 5.008.000. Dentre os 83
pacientes incluídos, predominaram-se homens (55,4%) e idosos com 61 anos (±14,7),
hipertensão arterial sistêmica (60,2%), renais crônicos (33,8%) e diabéticos (13,2%). A
ocorrência do diagnóstico de IAM, parada cardiorrespiratória e óbitos nos 30 dias de
perioperatório foi proporcionalmente maior em pacientes com maior risco cirúrgico e
anestésico, como ASA 4 e 5, além daqueles com LEE moderado e elevado, assim como de
Classe II de Goldmann 47 (p<0,005). Verificou-se o elevado risco de MINS em cirurgias de
urgência ou emergência, com mortalidade de até 100% naqueles diagnosticados com IAM no
pós-operatório, principalmente no primeiro dia do procedimento, com mais óbitos em
procedimentos de alto risco. Desse modo, a incidência de MINS nos primeiros 30 dias de pósoperatório está relacionada a maior morbimortalidade. Bons preditores de eventos
cardiovasculares são baixo IMC, risco de ASA, LEE e Goldamnn elevados, TFG < 60 ml/min,
creatinina sérica ≥ 2 e os procedimentos de alto porte.

Publicado
21-11-2022