FREQUÊNCIAS DAS ALTERAÇÕES CITOLÓGICAS E PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE MULHERES SUBMETIDAS AO EXAME PAPANICOLAOU NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
Resumo
O exame citopatológico do colo do útero (Papanicolaou) é uma medida de prevenção em saúde para
detecção precoce de alterações citológicas cervicais. Esse teste é preconizado e orientado pelas
Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do Câncer do Colo do Útero, publicada pelo Instituto
Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). Apesar dos constantes esforços para reduzir
a mortalidade por cancêr de colo de útero, no Brasil, ela ainda é um desafio. Esse trabalho tem como
objetivo descrever o perfil epidemiológico de mulheres submetidas ao exame Papanicolaou, bem como
descrever a frequência das alterações citólogicas nesses exames. Trata-se de um estudo tranversal
executado de novembro de 2020 a agosto de 2022 em Passo Fundo, Rio Grande do Sul, cuja aprovação
pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos está descrita sob o parecer 3.736.932. A
amostra foi composta por conveniência e consiste em mulheres atendidas no ambulatório de ensino da
Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS-PF) submetidas ao exame Papanicolaou, com idade
superior a 18 anos. A coleta de amostras cérvico-vaginais foi obtida por meio da técnica de citologia
em meio líquido (CML) e essas foram transportadas ao Laboratório de Patologia do Hospital São
Vicente de Paulo. A análise laboratorial foi realizada conforme o preconizado pelo sistema
automatizado ThinPrep 2000 system LBC slide, com uso de lâminas CellPreserv e posterior coloração
pelo método de Papanicolau. Posteriormente, essas amostras foram classificadas de acordo com a
nomenclatura brasileira para laudos cervicais, adaptada do Sistema de Bethesda de 2001. Tal
classificação foi acessada através do Sistema de Informação do Câncer (SISCAN). Os dados
sociodemográficos e clínicos foram obtidos por meio de um questionário aplicado após a coleta do
exame, no referido ambulatório. Os dados foram analisados e estão apresentados na forma descritiva.
Foram incluídas 144 mulheres no estudo, com média de idade de 44 ± 12,2 anos. Predominou-se
escolaridade menor ou igual a nove anos (51,1%), possuir vínculo empregatício (57,6%),
autodeclaração branca (65,0%), religião católica (66,7%) e estar em um relacionamento afetivo
(87,5%). A minoria (43,1%) afirmou residir em Passo Fundo. Com relação à realização do exame
Papanicolaou, 95,8% afirmou já ter realizado alguma vez; já sobre a periodicidade, 20,3% realizou o
último exame há mais de 3 anos. Quanto ao resultado dos exame, 92,4% das amostras foram ausêntes
para neoplasia, 2,1% classificou-se como lesão intraepitelial escamosa de baixo grau (LSIL), 1,4%
obteve resultado de células escamosas atípicas de significado indeterminado, não podendo excluir
lesão intraepitelial de alto grau (ASC-H) e 3,5% recebeu a classificação de células escamosas atípicas
de significado indeterminado, possivelmente não neoplásicas (ASC-US). Por fim uma amostra foi
insatisfatória para análise. Conclui-se que essa análise poderá auxiliar a caracterização da população
do referido ambulatório submetida ao exame Papanicolaou. Apesar das campanhas preventivas de
realização periódica desse exame contra o câncer de colo de útero, ainda observam-se casos na
população estudada, e a coleta em meio líquido pode aumentar a sensibilidade do teste e poderia ser
incorporada no SUS para que, juntamente às campanhas, mais casos sejam prevenidos.
Copyright (c) 2022 Letícia Lima Miranda, Camila dos Santos Rocha, Maria Eduarda Lêmes Mora, Giovana Paula Bonfantti Donato, Gustavo Olszanski Acrani, Jossimara Polettini
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Submeto o trabalho apresentado como texto original à Comissão Editorial do XIII SEPE e concordo que os direitos autorais, a ele referente, se torne propriedade do Anais do XIII SEPE da UFFS.