FREQUÊNCIAS DAS ALTERAÇÕES CITOLÓGICAS E PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE MULHERES SUBMETIDAS AO EXAME PAPANICOLAOU NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

  • Letícia Lima Miranda Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Camila dos Santos Rocha
  • Maria Eduarda Lêmes Mora
  • Giovana Paula Bonfantti Donato
  • Gustavo Olszanski Acrani
  • Jossimara Polettini
Palavras-chave: Teste de Papanicolaou, Esfregaço Vaginal; Neoplasias Colo do Útero.

Resumo

O exame citopatológico do colo do útero (Papanicolaou) é uma medida de prevenção em saúde para
detecção precoce de alterações citológicas cervicais. Esse teste é preconizado e orientado pelas
Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do Câncer do Colo do Útero, publicada pelo Instituto
Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). Apesar dos constantes esforços para reduzir
a mortalidade por cancêr de colo de útero, no Brasil, ela ainda é um desafio. Esse trabalho tem como
objetivo descrever o perfil epidemiológico de mulheres submetidas ao exame Papanicolaou, bem como
descrever a frequência das alterações citólogicas nesses exames. Trata-se de um estudo tranversal
executado de novembro de 2020 a agosto de 2022 em Passo Fundo, Rio Grande do Sul, cuja aprovação
pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos está descrita sob o parecer 3.736.932. A
amostra foi composta por conveniência e consiste em mulheres atendidas no ambulatório de ensino da
Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS-PF) submetidas ao exame Papanicolaou, com idade
superior a 18 anos. A coleta de amostras cérvico-vaginais foi obtida por meio da técnica de citologia
em meio líquido (CML) e essas foram transportadas ao Laboratório de Patologia do Hospital São
Vicente de Paulo. A análise laboratorial foi realizada conforme o preconizado pelo sistema
automatizado ThinPrep 2000 system LBC slide, com uso de lâminas CellPreserv e posterior coloração
pelo método de Papanicolau. Posteriormente, essas amostras foram classificadas de acordo com a
nomenclatura brasileira para laudos cervicais, adaptada do Sistema de Bethesda de 2001. Tal
classificação foi acessada através do Sistema de Informação do Câncer (SISCAN). Os dados
sociodemográficos e clínicos foram obtidos por meio de um questionário aplicado após a coleta do
exame, no referido ambulatório. Os dados foram analisados e estão apresentados na forma descritiva.
Foram incluídas 144 mulheres no estudo, com média de idade de 44 ± 12,2 anos. Predominou-se
escolaridade menor ou igual a nove anos (51,1%), possuir vínculo empregatício (57,6%),
autodeclaração branca (65,0%), religião católica (66,7%) e estar em um relacionamento afetivo
(87,5%). A minoria (43,1%) afirmou residir em Passo Fundo. Com relação à realização do exame
Papanicolaou, 95,8% afirmou já ter realizado alguma vez; já sobre a periodicidade, 20,3% realizou o
último exame há mais de 3 anos. Quanto ao resultado dos exame, 92,4% das amostras foram ausêntes
para neoplasia, 2,1% classificou-se como lesão intraepitelial escamosa de baixo grau (LSIL), 1,4%
obteve resultado de células escamosas atípicas de significado indeterminado, não podendo excluir
lesão intraepitelial de alto grau (ASC-H) e 3,5% recebeu a classificação de células escamosas atípicas
de significado indeterminado, possivelmente não neoplásicas (ASC-US). Por fim uma amostra foi
insatisfatória para análise. Conclui-se que essa análise poderá auxiliar a caracterização da população
do referido ambulatório submetida ao exame Papanicolaou. Apesar das campanhas preventivas de
realização periódica desse exame contra o câncer de colo de útero, ainda observam-se casos na
população estudada, e a coleta em meio líquido pode aumentar a sensibilidade do teste e poderia ser
incorporada no SUS para que, juntamente às campanhas, mais casos sejam prevenidos.

Publicado
21-11-2022