ESCALA DE GLASGOW E SUA RELAÇÃO COM DESFECHO DE PACIENTES COM DIAGNÓSTICO DE ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO ATENDIDOS EM HOSPITAL DE REFÊNCIA DO NORTE DO RIO GRANDE DO SUL

Palavras-chave: AVC; Escala de Coma de Glasgow; AVE; Mortalidade.

Resumo

O acidente vascular cerebral (AVC) é uma das emergências médicas que mais preocupam no Brasil, sendo responsável por mais de 90 mil óbitos no ano de 2017. Nesse sentido, a medicina tem buscado formas de diminuir a morbimortalidade dessa patologia. Mediante isso, escalas foram implementadas para classificar a gravidade de cada paciente e permitir que receba a melhor conduta de acordo com seu quadro clínico.  Uma das escalas possíveis de ser aplicada é a escala de coma de Glasgow que classifica o paciente em grave (Glasgow 3-8), moderado (Glasgow 9-12) e leve (Glasgow 13-15) de acordo com três parâmetros: abertura ocular, resposta verbal e reposta motora.  Nesse sentido, o presente trabalho, que se trata de um recorte da coorte retrospectiva “Acidente Vascular Encefálico: Estudo de Casos Atendidos em Hospital de Referencia no Norte do Rio Grande do Sul”, buscou avaliar a relação entre escores de Glasgow e o desfecho dos pacientes. Foram incluídos todos os pacientes diagnosticados com AVC, de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 18 anos, atendidos entre janeiro de 2017 e dezembro de 2020 no Hospital de Clínicas de Passo Fundo, RS. Os dados obtidos foram obtidos em prontuário, digitados e validados no software EpiData e analisados no software PSPP, ambos de distribuição livre. Foi verificada a distribuição absoluta e relativa das frequências das variáveis categóricas e, medidas de tendência central e de dispersão das numéricas.  Também foi calculada a incidência da variável dependente (escala de Glasgow) e seu intervalo de confiança de 95% (IC95), e analisada a sua distribuição de acordo com a variável preditora (desfecho), por meio do teste do qui-quadrado admitindo-se erro α de 5%, sendo considerados significativos valores de p<0,05 para testes bicaudais. Na amostra de 728 pacientes atendidos por AVC, 364 (50%) possuíam escore de Glasgow em seus prontuários e, para estes, foram considerados três desfechos possíveis: óbito, alta e transferência de unidade. Na amostra final, dos 364 pacientes, 51,6% eram do sexo masculino, com prevalencia da raça branca (92,9%), procedentes de outros municípios (57,7%), com idade igual ou superior a 60 anos (69,9%). Quanto ao Glasgow, 16,4% foram classificados como graves, 43,6% como moderados e 40% como leves dentro da escala utilizada. Observou-se que dentre os pacientes graves, 56,3% foram ao óbito, sendo que, o número de transferências de unidade também foi maior nesse grupo. Por outro lado, entre os moderados e leves, para a maioria (54,9% e 88,4%, respectivamente) o desfecho principal foi a alta ambulatorial (p<0,05). Observa-se, portanto, que a escala de coma de Glasgow pode ajudar a predizer a mortalidade nos pacientes acometidos por AVC. Além disso, o elevado percentual de transferências em pacientes graves, quando comparados aos demais, poderia ser justificado pelo maior tempo de internação. Portanto, conhecer a gravidade de cada paciente é de extrema importância para que se possa elaborar o melhor plano terapêutico e, assim, buscar reduzir o impacto na qualidade de vida e no desfecho da internação.

Publicado
21-11-2022