ASPECTOS CLÍNICOS, MANEJO E PREVENÇÃO DA SÍFILIS EM GESTANTES INDÍGENAS:

UMA EXPERIÊNCIA UNIVERSITÁRIA PARA O APRIMORAMENTO DA PROMOÇÃO À SAÚDE

  • Joel Silva Rosa UFFS- Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Thiago Emannuel Rodrigues Novaes
  • Rafael Ramos
  • Carine Freitas Marcon
  • Helena Fiad Biolo
  • Leandro Tuzzin
  • Daniela Teixeira Borges
Palavras-chave: Saúde de Populações Indígenas; Serviços de Saúde do Indígena; Assistência Ambulatorial; Adminis-tração dos Cuidados ao Paciente; Infecções por Treponema.

Resumo

A sífilis se constitui como uma infecção sexualmente transmissível causada pela bactéria Treponema pallidum. Quando a infecção ocorre na gestação, é classificada como sífilis gestacional, apresentando riscos maternos e fetais. Quando se dá a disseminação hematogênica via placentária da T. pallidum da gestante para o concepto, caracteriza-se como sífilis congênita. Em 2021, o estado do Rio Grande do Sul ocupou a 4ª posição entre as Unidades da Federação com maior taxa de incidência de sífilis congênita (por 1.000 nascidos vivos). O objetivo deste trabalho é descrever as ações promovidas pela Secretaria de Saúde Indígena, pólo base Passo Fundo-RS, em parceria com o Ambulatório Indígena da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)/Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) no intuito permitir compartilhamento de conhecimento em relação aos aspectos clínicos, manejo e prevenção da sífilis na gestação entre mulheres indígenas. A atividade  reuniu médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e agentes comunitários de saúde de diferentes Coordenadorias Regionais de Saúde do Rio Grande do Sul que atuam direta e indiretamente com a população indígena do estado. Trata-se de um relato de experiência de acadêmicos de Medicina da UFFS sob orientação de médica docente. As abordagens se realizaram através de apresentação em slides e atividade dinâmica com utilização de desenhos, que facilitaram a descrição de características relacionadas à identificação de lesões sugestivas de infecção pela T. pallidum. Além disso, foi abordado a fisiopatologia da infecção, quadro clínico e a interpretação dos exames VDRL e FTA-Abs, suas complicações e, sobretudo, tratamento da sífilis gestacional, ratificando que independente se gestacional, a infecção demanda tratamento do parceiro. Foi sumarizado a importância do pré-natal na prevenção e/ou detecção precoce de patologias tanto maternas como fetais, permitindo um desenvolvimento saudável do feto que, no caso da sífilis congênita, pode evoluir para malformações, hidropsia fetal, prematuridade e natimorto. Ademais, a discussão concentrou-se também no tocante as dificuldades que ainda persistem em vista de um cuidado longitudinal para com essa população, o que envolve desde abandono do tratamento da sifilis pelas pacientes indígenas e o próprio impasse na  localização do parceiro para instituir o tratamento adequado. Isso posto, ressaltou-se a necessidade das equipes de saúde locais instituírem busca ativa nas áreas indígenas de pacientes que sabidamente descontinuaram o acompanhamento. Por isso da importante necessidade da organização e atuação dos profissionais priorizarem no planejamento das ações o pré-natal, uma vez que as consequências para o feto de gestantes portadoras de sífilis não tratadas ou não adequadamente tratadas são potencialmente fatais. É indubitável que outros encontros sejam instituídos, que se pactuem redes de apoio à saúde da população indígena. Isso envolve não apenas o diálogo entre profissionais, mas com os próprios representantes das comunidades, tendo em vista a complexidade de se atuar com uma população especial, que demanda não apenas de atenção aos seus  agravos de sáude, mas respeito pela sua cultura.

Publicado
21-11-2022