ASPECTOS CLÍNICOS, MANEJO E PREVENÇÃO DA SÍFILIS EM GESTANTES INDÍGENAS:
UMA EXPERIÊNCIA UNIVERSITÁRIA PARA O APRIMORAMENTO DA PROMOÇÃO À SAÚDE
Resumo
A sífilis se constitui como uma infecção sexualmente transmissível causada pela bactéria Treponema pallidum. Quando a infecção ocorre na gestação, é classificada como sífilis gestacional, apresentando riscos maternos e fetais. Quando se dá a disseminação hematogênica via placentária da T. pallidum da gestante para o concepto, caracteriza-se como sífilis congênita. Em 2021, o estado do Rio Grande do Sul ocupou a 4ª posição entre as Unidades da Federação com maior taxa de incidência de sífilis congênita (por 1.000 nascidos vivos). O objetivo deste trabalho é descrever as ações promovidas pela Secretaria de Saúde Indígena, pólo base Passo Fundo-RS, em parceria com o Ambulatório Indígena da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)/Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) no intuito permitir compartilhamento de conhecimento em relação aos aspectos clínicos, manejo e prevenção da sífilis na gestação entre mulheres indígenas. A atividade reuniu médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e agentes comunitários de saúde de diferentes Coordenadorias Regionais de Saúde do Rio Grande do Sul que atuam direta e indiretamente com a população indígena do estado. Trata-se de um relato de experiência de acadêmicos de Medicina da UFFS sob orientação de médica docente. As abordagens se realizaram através de apresentação em slides e atividade dinâmica com utilização de desenhos, que facilitaram a descrição de características relacionadas à identificação de lesões sugestivas de infecção pela T. pallidum. Além disso, foi abordado a fisiopatologia da infecção, quadro clínico e a interpretação dos exames VDRL e FTA-Abs, suas complicações e, sobretudo, tratamento da sífilis gestacional, ratificando que independente se gestacional, a infecção demanda tratamento do parceiro. Foi sumarizado a importância do pré-natal na prevenção e/ou detecção precoce de patologias tanto maternas como fetais, permitindo um desenvolvimento saudável do feto que, no caso da sífilis congênita, pode evoluir para malformações, hidropsia fetal, prematuridade e natimorto. Ademais, a discussão concentrou-se também no tocante as dificuldades que ainda persistem em vista de um cuidado longitudinal para com essa população, o que envolve desde abandono do tratamento da sifilis pelas pacientes indígenas e o próprio impasse na localização do parceiro para instituir o tratamento adequado. Isso posto, ressaltou-se a necessidade das equipes de saúde locais instituírem busca ativa nas áreas indígenas de pacientes que sabidamente descontinuaram o acompanhamento. Por isso da importante necessidade da organização e atuação dos profissionais priorizarem no planejamento das ações o pré-natal, uma vez que as consequências para o feto de gestantes portadoras de sífilis não tratadas ou não adequadamente tratadas são potencialmente fatais. É indubitável que outros encontros sejam instituídos, que se pactuem redes de apoio à saúde da população indígena. Isso envolve não apenas o diálogo entre profissionais, mas com os próprios representantes das comunidades, tendo em vista a complexidade de se atuar com uma população especial, que demanda não apenas de atenção aos seus agravos de sáude, mas respeito pela sua cultura.
Copyright (c) 2022 Joel Silva Rosa, Thiago Emannuel Rodrigues Novaes, Rafael Ramos, Carine Freitas Marcon, Helena Fiad Biolo, Leandro Tuzzin, Daniela Teixeira Borges
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Submeto o trabalho apresentado como texto original à Comissão Editorial do XIII SEPE e concordo que os direitos autorais, a ele referente, se torne propriedade do Anais do XIII SEPE da UFFS.